As reservas internacionais e a posição cambial líquida do Banco Central próximas de máximas históricas em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) dão à autoridade monetária conforto para seguir atuando no mercado de câmbio caso necessário, apontou o diretor de Política Monetária da autarquia, Bruno Serra.
Pelo conceito liquidez, as reservas cambiais estavam em 361,799 bilhões de dólares no dia 20, segundo dado mais atualizado.
Já a posição cambial líquida do BC —que desconta uso das reservas em instrumentos como linhas com recompra, empréstimos em moeda estrangeira e swaps cambiais, entre outros— estava em 299,964 bilhões de dólares no último dia 10, conforme dado mais recente disponibilizado pelo BC.
A autarquia não faz intervenções líquidas no mercado de câmbio desde o começo do mês, período em que a volatilidade cambial foi alvo de debates no mercado devido ao intenso vaivém nos preços do dólar.
O estoque de swaps cambiais do BC no mercado é de 56,988 bilhões de dólares. A última oferta líquida de swaps cambiais tradicionais —cuja colocação equivale à venda de dólares no mercado futuro— ocorreu em 19 de maio, com venda de 500 milhões de dólares nesses contratos. Desde então, o BC tem se limitado a fazer operações de rolagem de swaps.
A mais recente liquidação de venda de dólar no mercado à vista aconteceu em 2 de julho, num total de 365 milhões de dólares. O BC liquidou no último dia 2 recompra de 2,550 bilhões de dólares referentes a linhas de dólares.
Sobre a volatilidade do real, Serra citou na apresentação aumento de negociações com minicontratos de dólar futuro. Segundo ele, em outros mercados o crescimento de volume nos minicontratos costuma aumentar liquidez e reduzir spreads de compra e venda.
“No mercado local de câmbio vem ocorrendo elevação coincidente da volatilidade da proporção dos minicontratos no volume total. Não necessariamente há relação de causalidade”, disse ele na apresentação.
A volatilidade cambial diminuiu nos últimos pregões, mas segue mais alta quando comparada a níveis vistos em outros mercados emergentes.
Serra disse ainda que o menor diferencial de juros do Brasil em relação a outros mercados “traz desafios para a política cambial” e acrescentou que eventual ajuste futuro no grau de estímulo monetário “será residual”.
A Selic —taxa básica de juros do país— está em 2,25% ao ano. O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC se reúne novamente nos dias 4 e 5 de agosto para reavaliar a política monetária.
Ainda de acordo com o documento divulgado nesta terça, o diretor do BC mencionou que a incerteza em torno do tamanho do hiato do produto, bem como do ritmo de recuperação, segue acima do usual. Serra disse ainda que a “disparidade” entre setores da economia deve ser característica deste ciclo. (Reuters)