Gustavo Rezende Machado é trainee pela Agrifatto

Apesar da queda de 3,79% desde o início desse ano, o preço do bezerro no Mato Grosso do Sul valorizou-se 9,37% a partir de maio/17. A alta se justifica pelos melhores preços da arroba do boi gordo em agosto e setembro/17, que favoreceram a troca, e que elevaram a demanda pelo animal e pressionaram positivamente sua cotação.

Em contrapartida, a queda do poder de compra do consumidor brasileiro estagnou a demanda interna por carne bovina, e os preços da arroba caíram 3,32% entre final de agosto e primeira metade de outubro, uma variação negativa de R$ 2,40/@.

O gráfico 1 exemplifica a movimentação dos preços do bezerro e do boi gordo no MS em 2017, onde nota-se que as cotações do boi gordo para esse estado recuperaram os patamares do início do ano após as quedas ocorridas entre março e junho. Além disso, os dados expressam a subida para as cotações do bezerro em maio e que foram ainda mais expressivas entre agosto e setembro.

Ou seja, comparando-se os valores ofertados pelo animal terminado e o de obtenção do bezerro, nota-se uma tendência primária de queda do poder de compra do pecuarista, já que nos últimos anos compra-se menos de 2 bezerros por boi gordo pela primeira vez na série histórica.

Mesmo no passado recente, em 2012, a relação de troca no MS estava em quase 2,2 bezerros por animal terminado, enquanto que neste ano, os dados parciais indicam proporção de 1,8 bezerro por boi gordo comercializado.

A média da relação de troca a cada ano está ilustrada pelo gráfico 2, compreendendo o período de 2012 a 2017.

Ademais, os movimentos de alta para as cotações da arroba do boi gordo durante a entressafra favorecem a troca e configuram-se como estímulo a compra de animais para reposição que, por sua vez, estimulam a firmeza do mercado de reposição, tendo piorado, assim, a relação de troca durante a primeira metade do ano.

A queda do poder de compra do pecuarista no primeiro semestre sofre pressão também pela evolução do ciclo pecuário, quando os preços praticados pela arroba de bovinos terminados variam abaixo da inflação (ou, mais especificamente, dos custos de produção). Neste ano, a pior relação de troca aconteceu em julho, quando comprava-se 1,74 bezerros pela venda de um boi gordo.

O gráfico 3 ilustra a movimentação da relação de troca entre setembro de 2012 a setembro de 2017. A alta do poder de compra que ocorre sazonalmente entre agosto e setembro quando os preços da arroba do boi gordo são melhores, estão destacas pelo círculo em vermelho.

O gráfico 4 representa a relação de troca entre 2016 e 2017, em que o melhor poder de compra para o pecuarista pode ter acontecido em agosto de 2017, quando comprava-se quase 2 animais por boi gordo, já que nesse momento a arroba do bovino terminado valorizou-se em proporção maior do que as cotações do bezerro, agora já em patamares maiores.

Dessa forma, estima-se que no início de 2018 essa relação possa ficar ainda mais estreita.

 

Portanto, o aumento da aplicação do pacote tecnológico permitiu animais mais pesados, o que reduziu o ciclo de engorda e aumentou a pressão de demanda sobre a reposição, confirmada pelos dados que indicam uma tendência negativa da relação nos últimos anos.

Desse modo, a relação de troca em queda eleva gradualmente a pressão pela eficiência na cadeia produtiva, a consequente aplicação de tecnologia e estimula a gestão financeira eficiente da propriedade.