No primeiro semestre deste ano, não foi apenas o valor do animal terminado que escorregou para patamares mais baixos. Na esteira, o preço do bezerro também ficou pressionado negativamente.
Com o desestímulo em levar os animais para o cocho no primeiro giro de confinamento, especialmente com o encarecimento da dieta, a referência para o valor do bezerro também recuou, caindo 5,90% entre janeiro e julho de 2018.
No mesmo período, o indicador do boi gordo caiu 2,95% – calculado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA).
O fato é que os dados para agosto já mostram um cenário de melhor poder de compra do pecuarista nos próximos meses (gráfico 1).
Com o período da safra de capim ficando no retrovisor e com a normalização do mercado após a paralisação dos caminhoneiros, a restrição da oferta e o desempenho das exportações ditaram novo ritmo aos preços, voltando neste início de setembro aos maiores patamares do ano.
E assim, puxando para cima também a referência para o valor do bezerro, com a projeção apontando para curva positiva até o final do ano.
E ainda, vale destacar a influência do ciclo pecuário sobre o custo de reposição.
Após um represamento das fêmeas entre 2008 e 2011, quando a margem da cria era convidativa a essa operação, a oferta de bezerros ao mercado se ampliou e pressionou negativamente sua cotação.
E assim, observa-se que a relação de troca em 2013 atingiu os patamares mais altos, para então cair a cada novo ano. Já em 2015, o ciclo se inverte, com a menor disponibilidade de bezerros ao mercado encarecendo a reposição.
Finalmente chegamos em 2018, quando o custo da reposição se registra acima da média dos últimos 5 anos. Além disso, o preço médio de bezerros em SP ficou 4,15% mais caro nos 7 primeiros meses deste ano, em relação ao ano anterior (gráfico 2).
Entretanto, com o animal terminado ficando mais valorizado, a perspectiva é que a relação de troca de bezerros por boi gordo se amplie, alcançando a melhor relação para o ano em outubro (segundo os preços futuros da B3).
Portanto, com a crescente participação de fêmeas nos abates – que deve continuar em alta em 2019 – a projeção é que o animal jovem continue com valorizações, encarecendo a reposição nos próximos anos.
Ao mesmo tempo, a expectativa é de reconstrução do rebanho brasileiro, o que deverá pressionar para cima o valor do animal terminado no mesmo período.
Já o milho fortalecido e o tabelamento dos fretes impactando substancialmente nos custos logísticos, a pressão sobre o setor pecuário continua, e o animal terminado em alta oferece um alívio nesta conjuntura.
Por fim, é importante que o pecuarista aproveite a melhora da relação de troca no curto prazo, já que a chegada das chuvas com a recuperação das pastagens, deve aquecer a procura por animais para reposição, fazendo com que os preços dos bezerros subam com mais força que a arroba no último trimestre.