As importações de pela China, maior comprador global da oleaginosa, respondendo por mais de 60% do comércio mundial, podem já ter atingido um pico e deverão se manter fracas e eventualmente declinar até 2030, de acordo com análise do Rabobank publicada nesta segunda-feira.
Isso ocorreria como resultado de um crescimento mais lento da produção de carnes, melhoria contínua nas práticas agrícolas e, mais importante, “adoção generalizada de uma taxa de baixo teor de farelo de soja nas fórmulas de ração em todo o país”.
“Portanto, o futuro das importações será influenciado principalmente pelas perspectivas para a demanda de ração e pela taxa de inclusão de farelo de soja em rações”, ressaltou o banco. “Esperamos que o consumo de ração chinês vai se manter em um crescimento baixo de um dígito”, destacou.
Esse cenário tende a afetar de forma “profunda” participantes do mercado, especialmente o Brasil, maior produtor e exportador global de soja.
“Embora a China continue sendo o maior importador, o crescimento adicional se deslocará da China para outras regiões e será impulsionado principalmente pelas economias emergentes do Oriente Médio, Sudeste Asiático e Sul da Ásia. Os comerciantes precisarão realinhar seus negócios para novos mercados…”, disse analista sênior de grãos e oleaginosas do Rabobank, Lief Chiang.
Ele lembrou que, impulsionados pela demanda por biocombustíveis, o Brasil e os Estados Unidos estão expandindo a capacidade de processamento de soja, elevando a oferta de óleo para a produção de biodiesel, assim como farelo de soja para a exportação e consumo interno.
O Rabobank explicou que o uso de farelo de soja em rações está projetado para cair na China, com o governo chinês lançando uma campanha de redução de uso do produto para reduzir a dependência do grão importado, processado localmente em sua grande maioria, explicou Chiang.
Segundo o Rabobank, o menor uso de farelo de soja aumenta as oportunidades para outros ingredientes de ração.
“Em um cenário de baixa inclusão de farelo de soja, o uso extra de aminoácidos será necessário para atender às necessidades nutricionais dos animais”, disse Chenjun Pan, analista sênior de proteína animal do Rabobank
Além disso, há uma série de startups focadas em novas fontes de proteína alimentar, como proteínas de insetos e microbianas.
“A longo prazo, essas novas proteínas farão contribuições positivas para economizar recursos naturais e reduzir as emissões de carbono.”
No entanto, como a maioria deles ainda está em fase de desenvolvimento, há grande incerteza sobre o cronograma para atingir a viabilidade comercial na China, acrescentou.
(Reuters)