Os setores de alimentos e agronegócio da China sofrerão danos estruturais se o coronavírus não for controlado nos próximos meses, de acordo com o Rabobank. Em relatório mensal, o banco afirma que, para algumas empresas, os resultados estão começando a melhorar após algumas o relaxamento de algumas restrições de viagens e de quarentenas. Mesmo assim, as interrupções na cadeia devem afetar importações de alimentos e o setor no país por alguns meses.

Para soja, o banco afirma que o coronavírus deve influenciar negativamente o consumo doméstico de óleo e farelo na China no primeiro semestre de 2020. No entanto, deve haver recuperação rápida na segunda metade do ano – inclusive por causa dos altos preços de carne, que incentivam maior produção. As importações de soja do gigante asiático também foram prejudicadas com a epidemia do vírus. O banco estima que o país importe pouco mais de 4 milhões de toneladas em março em decorrência de “baixo consumo, embarques adiados do Brasil e baixa compra de grãos dos Estados Unidos”. Já em abril, o volume deve crescer para mais de 7 milhões de toneladas. A estimativa para a temporada de 2019/20 é de 86 milhões de toneladas a 87 milhões de toneladas importadas pela China.

No caso do milho, o banco afirma que o uso do cereal para ração animal foi prejudicado com o avanço do coronavírus no primeiro trimestre, o que deve permanecer até o meio do ano. Se a doença for controlada, o consumo de ração deve se recuperar rapidamente no segundo semestre, diz o Rabobank.

Para a carne suína, o banco vê uma recuperação do consumo e das importações chinesas nos próximos meses. O preço do suíno vivo caiu no início de março com a melhora nos transportes, mas preços dos leitões estão altos em decorrência da baixa oferta. Entre empresas chinesas listadas na bolsa que divulgaram resultados a produção de suínos caiu em janeiro, tanto na comparação ante dezembro/19 quanto ante janeiro/19. Em algumas companhias, o volume de abate teve recuo anual de mais de 50%. Preços da carne no varejo estão estáveis após o governo liberar parte de seus estoques no primeiro bimestre deste ano.

Em relação à carne de frango, a expectativa é de oferta reduzida nos segundo e terceiro trimestres porque os casos de influenza aviária registrados nas províncias de Hunan e Xinjiang deixaram produtores menos dispostos a aumentar seus rebanhos. Com a menor oferta, os preços da carne também devem avançar, de acordo com o banco. Outra projeção é que os EUA reconquistem parte do mercado de aves vivas da China após o país asiático voltar a autorizar embarques norte-americanos.

O consumo de lácteos deve cair na China durante o primeiro semestre, com “recuperação gradual” na segunda metade do ano – isso se o país conseguir controlar o coronavírus até o final de abril. Com isso, a expectativa do Rabobank é que as importações de lácteos do país tenham queda significativa durante o ano de 2020.

Já preços de fertilizantes e agroquímicos estão em trajetória crescente no país impulsionados por baixa oferta e por maior demanda para plantio. “À medida que a produção se recupere, preços devem se estabilizar”, afirma relatório. (AE)