A prévia da inflação brasileira desacelerou em agosto com forte queda dos preços de educação, o que compensou a pressão da gasolina, permanecendo abaixo do piso da meta do governo.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) registrou em agosto avanço de 0,23%, abaixo da alta de 0,30% em julho e em linha com a expectativa em pesquisa da Reuters de alta de 0,24%.
Os dados divulgados nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram ainda que, nos 12 meses até agosto, o IPCA-15 acumulou alta de 2,28%, de 2,13% em julho e abaixo do esperado em pesquisa da Reuters com analistas de 2,34%.
Apesar da aceleração da alta em 12 meses, o índice permanece abaixo do piso da meta de inflação para este ano — 4%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos, medida pelo IPCA.
A principal pressão de baixa sobre o IPCA-15 de agosto veio da queda de 3,27% nos preços de Educação, de recuo de 0,07% em julho, como consequência ainda da pandemia de coronavírus.
Segundo o IBGE, com a suspensão das aulas presenciais por causa da pandemia, várias instituições de ensino concederam descontos nas mensalidades, o que entrou no cálculo do índice de agosto.
Dentro desse grupo, os preços dos cursos regulares recuaram 4,01%, sendo que a maior queda foi registrada na pré-escola (-7,30%), seguida pelos cursos de pós-graduação (-5,83%), de educação de jovens e adultos (-4,74%) e de ensino superior (-3,91%).
Na outra ponta, a maior pressão de alta veio de Transportes, apesar de ter reduzido o avanço para 0,75% em agosto de 1,11% no mês anterior.
Os preços dos combustíveis subiram 2,31%, com destaque para a alta de 2,63% da gasolina. O óleo diesel avançou 3,58% e o gás veicular subiu 0,47%. Por outro lado, os preços do etanol caíram 0,28%.
Também tiveram destaques as altas dos preços de Artigos de residência (0,88%), Habitação (0,57%) e Alimentação e bebidas (0,34%).
Este último voltou a subir após recuo de 0,13% em julho devido principalmente ao aumento das carnes (3,06%), leite longa vida (4,36%) e frutas (2,47%).
O nível baixo de inflação mantém o espaço para as medidas de estímulo monetário, depois de o Banco Central ter reduzido a taxa básica de juros Selic à nova mínima de 2% ao ano.
A autoridade monetária manteve a porta aberta para novos ajustes à frente, mas pontuou que, se vierem, eles serão ainda mais graduais e dependerão da situação das contas públicas.
Os economistas consultados na pesquisa Focus mais recente do BC apontam que a inflação deve terminar este ano a 1,71%, com a economia encolhendo 5,46%. (Reuters)