Yago Travagini é economista e consultor pela Agrifatto
A primeira semana de junho/20 demonstrou um desempenho fraco nas exportações de carne bovina em comparação ao que o país estava registrando nos últimos meses. O volume médio diário embarcado nos primeiros cinco dias deste mês foi de 5,47 mil toneladas, uma queda de 29% frente a média diária do mês de maio/20. No comparativo com junho/19 a diminuição no volume médio embarcado está em 9%.
O câmbio continua a favorecer o preço médio da proteína bovina exportada nestes primeiros dias do mês, já que a receita cresceu 2% no comparativo anual, e, desta forma, o preço médio da tonelada embarcada aumentou 12%. Ainda assim, cabe a ressalva de que quando comparada aos números de maio/20, a média da receita diária está 30% menor em junho/20, chegando a US$ 23,74 milhões obtidas por dia com a venda de proteína animal.
Tais números ligam o sinal de alerta para a renegociação chinesa das compras que eles estavam fazendo nos últimos meses, um “respiro” das compras por parte do país asiático pode afetar diretamente os preços da carne bovina no mercado interno, já que o consumo no país está fragilizado. As nossas projeções indicam para um volume embarcado entre 110 e 120 mil toneladas em junho/20.
Com a colheita ainda engatinhando no país, o volume de milho exportado segue bem abaixo do registrado no mesmo período de 2019, nos cinco primeiros dias de junho/20 foram 38 mil toneladas de milho embarcadas para fora do país, uma queda de 88% se comparada aos cinco primeiros dias de junho/19 quando 314,48 mil toneladas de milho eram enviadas.
A média diária exportada ficou em 7,72 mil toneladas, enquanto que a receita média diária se estabeleceu em US$ 1,26 milhão, a diminuição da receita obtida com a exportação de milho também foi na ordem de 88%. Apesar do início de mês fraco, os envios tendem a se intensificar nas próximas semanas, com a colheita se intensificando e mais milho chegando aos portos brasileiros.
O apetite chinês arrefeceu, mas continua forte pela soja brasileira, já que a média diária de oleaginosa embarcada nos cinco primeiros dias de junho de 2020 ficou em 666,77 mil toneladas, 48% a mais do que a média diária de junho/19. Ainda assim, confirma-se o “respiro” chinês pois no comparativo com maio/20, registra-se uma diminuição de 14% na média diária exportada.
A receita obtida com as vendas de soja também avançou no comparativo anual, com uma média diária 43% maior em junho/20, foram US$ 217,41 milhões por dia nestes cinco dias de junho/20. Vale destacar que as exportações de farelo de soja brasileiro continuam reduzidas, devido a preferência pela compra do grão, o volume comprado já reduziu 16% no comparativo com junho/19, com pouco mais de 370,75 mil toneladas exportadas no acumulado desta primeira semana do mês.