Gustavo Rezende Machado é trainee pela Agrifatto

 

O mercado registrou preços em alta de forma consistente neste último bimestre do ano, com a melhora do consumo interno dando suporte às novas cotações.

O mercado futuro, que tem reduzido o nível de volatilidade desde setembro, sugere agora um horizonte mais otimista em 2018.

O contrato de dezembro/17 na B3 (antiga BM&FBovespa) registra cotações em torno de R$ 148,00/@, um valor que se torna cada vez mais comum nos negócios realizados nos balcões de São Paulo (Gráfico 1).

Além disso, sazonalmente os preços em janeiro costumam sofrer deságio pela queda do consumo de carne no atacado, tendência essa não apontada pelos preços futuros atualmente, que exibem valores por volta de R$ 1,00/@ acima do contrato de dezembro/17, invertendo a curva e criando a possibilidade de realização de bons negócios.

Mas o destaque fica ainda pela diferença dos preços bastante estreita entre janeiro e maio, já que no início do ano a disponibilidade mais restrita de animais causa pressão menos intensa às cotações, em oposição ao que normalmente se registra em maio, período com maior disponibilidade de animais terminados e com pressão inicial da seca ao período de desova de animais.

Logo, a estreita variação entre esses dois meses ocorre, muito possivelmente, pela expectativa de consumo interno mais vigoroso no próximo ano, o que deve oferecer um suporte relevante aos preços, com incentivo ainda das eleições em 2018 que promovem pressão positiva ao câmbio (estimulo à exportação) e adicionam maior volume de dinheiro circulando na economia, favorecendo o consumo interno.

Deste modo, as cotações para o contrato de maio/18 podem ser ajustadas para baixo de modo a retomar a demonstração da curva futura com marcação sazonal, caso os preços máximos da entressafra 2017 já tenham sido apregoados, o que reforça a oportunidade atual em se utilizar destas cotações para fechar os negócios da safra 2018.

Mas um ponto de destaque vem da análise de como os preços do balcão têm ido ao encontro dos valores projetados pela B3 (gráfico 2). Em outras palavras, o mercado futuro de fato tem conseguido antecipar o movimento de preços, o que leva a crer que as oportunidade de negociação, embora comecem a aparecer, devem ser colhidas de maneira lenta e gradual.

O fato é que a diferença entre os preços futuros e a referência do físico se mostra progressivamente menor, consequência do avanço das cotações no mercado disponível, confirmando de forma compassada o que se registra na bolsa de valores.

Ademais, desde a semana passada se observa as máximas sendo testadas nos principais contratos futuros, por exemplo o vencimento de maio/18 que alcançou a resistência três vezes nesse período e por enquanto não foi capaz de rompê-la.

A dinâmica dos preços aponta para um novo equilíbrio, no momento em torno de R$ 148,00/@, o que confirma o período como uma janela de oportunidades, já que negócios nesses patamares já são registrados há dias, mas ainda não se tornaram média de negócios.

Os gráficos a seguir ilustram as cotações futuras para os contratos de dezembro/17, janeiro/18 e maio/18. As linhas amarelas identificam o estágio onde as cotações indicam estabilidade.

Por fim, como é comum no período de entressafra, o diferencial de base costuma ficar mais estreito entre São Paulo e os outros estados, mas nos últimos meses a diferença de preço entre as regiões tem se mostrado em níveis mais próximos do que a média dos últimos anos, desse modo, uma condição importante a se considerar no momento de negociação.