Gustavo Machado é consultor de mercado pela Agrifatto

 

As cotações do milho seguem firmes e em ritmo acelerado, especialmente no mercado interno.

O contrato futuro com vencimento para mar/18 na CBOT subiu 1,85% desde o início do mês, e agora está cotado em US$ 3,85/bushel.

No mesmo período, o contrato futuro com o mesmo vencimento na B3 (antiga BM&F) subiu 8,15%, renovando as máximas nos últimos três pregões e agora com última cotação de R$ 43,10/saca de 60 kg.

O indicador do CEPEA subiu 6,40% desde o início do mês, com a última referência em R$ 42,28/sc. Observe no gráfico 1 a variação do indicador nos últimos 2 anos, com o valor atual no mesmo patamar de outubro de 2016.

A análise gráfica sugere que a próxima resistência a ser buscada se localiza nos R$ 43,80/sc, ou seja, possivelmente ainda há espaço para altas em torno de R$ 1,00 por saca no curto-prazo.

Por outro lado, no caso de correção de tendência, o próximo suporte está indicado nos R$ 36,00/sc (registrado no final de fev. /18).

No mercado internacional a valorização do milho ocorre pelo comprometimento da safra Argentina (3º maior exportador do cereal), queda dos estoques mundiais e demanda internacional aquecida (destaca-se: em fevereiro a China elevou novamente suas estimativas de importação de milho em 2017/18 para 1,5 milhões de toneladas, alta de 300 kg ante jan. /18).

No mercado doméstico ainda há riscos sobre o desenvolvimento da 2º safra de milho, havendo espaço para especulações até confirmação do estabelecimento da cultura.

Ademais, os trabalhos em campo focados na comercialização e escoamento da soja (também com viés altista) tornam os preços dos fretes mais caros que, por sua vez, aumentam a pressão sobre os valores do cereal.

O cenário acima também motivou a ponta consumidora a antecipar suas compras, oferecendo ainda mais suporte a alta das cotações.

Por outro lado, os preços do milho chegaram a patamares convidativos à realização de negócios, e a comercialização no MT subiu 12 p.p. durante o mês e ultrapassou a média dos últimos 5 anos (segundo o relatório do IMEA de 09.03), atualmente com 37,80% da safra 2017/18 já comercializada.

 

Perspectivas

O dólar pode registrar nova alta até o fim deste mês caso se confirme um novo aumento de juros pelo Banco Central Norte-americano, mantendo firmes as exportações do cereal (neste início de março os embarques foram 20% maiores em relação ao mesmo período do ano passado).

Apesar da comercialização mais aquecida nas últimas semanas, os preços ainda encontram fôlego para novas máximas pelo cenário internacional, demanda aquecida e gargalos logísticos e de armazenamento.

Portanto, mesmo com a possibilidade de movimentos técnicos em bolsa ou a melhor liquidez no mercado físico, os preços parecem indicar fôlego para manter os atuais patamares alcançados, especialmente se os preços internacionais continuarem com valorização.

No médio prazo, após terminadas as operações com a soja, avanço do escoamento do milho e confirmando-se o bom desenvolvimento da cultura, os preços podem perder a pressão positiva até alcançarem a mínima pela colheita em julho.