A indefinição acerca do tabelamento de fretes fez com que os preços dos insumos que serão utilizados no plantio da safra 2018/19 subissem de 10% a 20%, estima o superintendente técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Bruno Barcelos Lucchi. “Os produtores estão comprando sem saber quanto ficará a despesa com transporte. Este cenário tem travado as vendas futuras que normalmente acontecem neste período junto a tradings, para que o agricultor consiga garantir contratos a valores que cubram os custos”, disse o executivo ao Broadcast Agro, nos bastidores do Congresso Brasileiro do Agronegócio, realizado pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) e a B3, nesta segunda-feira, na capital paulista.

Também presente no evento, o produtor de grãos Jarbas Bergamaschi, do município de Luiz Eduardo Magalhães (BA), da Fazenda Sama, confirmou a dificuldade desta temporada para travar os custos com a indústria. “Nesta época, as companhias multinacionais já teriam feito parte das aquisições e nós poderíamos ter uma indicação de preço que contemplasse as despesas de plantio. Isso não está acontecendo”, conta. A fazenda de Bergamaschi tem 2,2 mil hectares no oeste da Bahia e cultiva soja, milho, feijão e sorgo ao longo do ano.

Lucchi lembra que a última negociação da qual a CNA participou contra o tabelamento dos fretes foi uma reunião no Ministério dos Transportes, realizada há alguns dias, mas que ainda não resultou num entendimento favorável ao setor agrícola. A CNA entrou no dia 12 de junho no Supremo Tribunal Federal (STF) com Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) contra a tabela e deve participar de uma nova audiência sobre o tema no dia 27 de agosto. (AE)