Yago Travagini Ferreira é economista e consultor de mercado pela Agrifatto

 

Nos 3 primeiros meses de 2020, o volume de proteína bovina encaminhada para China e Hong Kong cresceu 92% no comparativo entre o primeiro trimestre de 2020 com o mesmo período de 2019, com um total de 192,54 mil toneladas. E além de comprar mais, os chineses estão pagando mais caro pela proteína bovina brasileira, o preço médio da carne in natura enviada para a China foi de R$ 357,68/@, 37,68% maior que o registrado no primeiro trimestre de 2019.

Quando se compara o preço da carcaça do boi casado no mercado interno e o valor para envio para a China, nota-se uma diferença de 78,48%, visto que as negociações no mercado interno de uma arroba de boi casado saíram em torno de R$ 200,40 no primeiro trimestre de 2020. O número impressiona, e pode ser justificativa para o aumento na bonificação do boi padrão “China”. Cenário que pode ser acentuado com o agravamento da crise do COVID-19 no Brasil, e a redução na demanda interna, alargando ainda mais a disparidade de preços “mercado interno – Exportação China”.

Vale a ressalva de que as exportações brasileiras estão sendo sustentadas justamente pelo país asiático, criando uma “Chinodependência”, já que os envios para China e Hong Kong representaram 54% das exportações totais de carne bovina in natura nesses três primeiros meses de 2020, no mesmo período do ano anterior, a representatividade era de 40%. A atenção fica com países como Irã, Emirados Árabes Unidos, Egito e Turquia (que estavam entre os 10 maiores compradores de 2019) que reduziram suas compras em mais de 50% no comparativo trimestral.