O PIB brasileiro em 2016 surpreendeu.
Negativamente, para variar.
O mercado esperava uma queda de 3,5%, mas o IBGE divulgou nesta terça-feira um recuo de 3,6%, oficializando dois anos consecutivos de retração. Em 2015, o recuo foi de 3,77%.
Observe o gráfico 1.
Gráfico 1.
Variação anual do PIB (%).
Fonte: Bacen/Agrifatto
A economia brasileira acumulou 11 trimestres seguidos de PIB em contração, um recorde. É também a maior recessão já registrada na história brasileira e a primeira vez em que a contração se estende por dois anos seguidos, como mostra o gráfico 1.
Como acumulamos 7,2% de queda entre 2015 e 2016, o PIB encerrou o ano passado no mesmo nível do terceiro trimestre de 2010, o que representa a anulação dos ganhos ocorridos entre 2011 e 2014, que haviam sido positivos. Em outras palavras, em dois anos de crise real agudíssima, destruímos quatro de crescimento artificial.
Além de termos voltado à estaca zero do crescimento vivenciado entre 2011 e 2014, acumulamos uma dívida pública acima de R$ 3 TRIlhões.
Não à toa, o apoio público e político de Dilma Rousseff foi para as cucuias e uma revolução política teve início. Historicamente, quando há crise econômica persistente, há troca abrupta de governo.
Dentro deste contexto, o setor agropecuário se desataca dentre os que mais recuaram no período.
Gráfico 2.
Desempenho do PIB por setor em 2016.
Fonte: IBGE/Agrifatto
Mesmo assim (e não à toa), o setor sustentou o maior superávit da história da balança comercial brasileira.
Gráfico 3.
Desempenho do PIB por tipo de demanda em 2016.
Fonte: IBGE/Agrifatto
O que espanta é que mesmo com uma queda acima de 10% para os investimentos e 4% para o consumo das famílias, o governo praticamente não tenha mudado nada em seu perfil de consumo.
Como sempre, quem paga a conta somos nós e a “nova matriz econômica” definitivamente conseguiu entrar para a história.
A notícia boa é que a partir de agora, iniciamos nossa recuperação, que ainda deve ser tímida e lenta em 2017, mas o fundo do poço parece ter ficado para trás.