Marco Guimarães é estagiário pela Agrifatto
O Ministério da Agricultura da China confirmou no último domingo (18/ago) o terceiro caso de peste suína africana nas últimas três semanas. O caso aconteceu na cidade de Lianyungang, província de Jiangsu, onde 615 suínos foram infectados e 88 morreram. Até o momento, mais de 20.000 animais sacrificados para evitar a proliferação.
As autoridades acionaram medidas emergenciais para controlar a doença, como o bloqueio da área infectada, abate e desinfecção de animais e proibição da movimentação e do transporte de porcos e de outros produtos oriundos de carne suína da área bloqueada.
O Japão suspendeu importações de carne suína tratada termicamente, buscando garantir os pré-requisitos de qualidade. Houve um recuo nos preços nacionais de suíno, pois muitos produtores estão com medo da doença infectar seus animais, e acabam por efeturar a venda “às pressas”. O efeito “manada” no abate de porcos pode conduzir os preços a patamares (bem) mais baixos.
O primeiro caso da peste suína na China foi divulgado dia 03/ago e foi identificado na província de Liaoning, a mais de 1.300 quilômetros ao norte de Lianyungang. O segundo surto foi identificado na província de Henan, região central da China e a mais de 600 quilômetros a oeste do terceiro.
Autoridades chinesas reportaram que a doença não foi encontrada em Heilongjiang, local de onde os porcos encontrados infectados em Henan foram transportados. Nessa perspectiva, os porcos teriam adquirido a peste suína durante o transporte.
As áreas com casos comprovados estão bloqueadas e também há um matadouro do WH Group interditado por, no mínimo, seis semanas.
A China possui mais da metade dos suínos do mundo e tem a sua carne como a principal fonte de proteína animal (gráficos 1 e 2).
Especialistas norte-americanos em mercado suíno, acreditam que a doença tem potencial de diminuir em 30% o número de porcos chineses. O impacto de um abate de 130 milhões de porcos é global, pois representa 17% do volume total produzido no mundo. Além disso apenas 7,5% da produção mundial se destina à exportação.
Caso a situação se agrave, confirmando as estimativas acima, projeta-se importante alta das importações de carne pela China.
Entretanto, considerando que a maior parte da produção mundial se destina aos mercados locais, o forte apetite chinês pela carne suína deve ser atendido pelas proteínas substitutas, como a carne bovina e de frango. Destaca-se que neste sentido a carne de frango pode registar importante participação, por conseguir ampliar sua produção mais rapidamente.
Neste sentido, pode-se abrir uma janela de oportunidade ao Brasil, que exporta as três principais proteínas de origem animal consumidas na China (tabela 1).
Os embarques de carne bovina para a China vêm ganhando destaque nos últimos anos, com o faturamento subindo 95% entre 2015 e 2017. Quando se compara a receita nos sete primeiros meses deste ano (janeiro a julho), já se registra alta de 56% ante o mesmo período do ano passado.
É importante destacar que a China possui a maior população do mundo, com 1,4 bilhão de habitantes. Sem dúvida, mudanças no padrão de consumo de carne da população chinesa poderão gerar impactos em toda a cadeia de proteína.