O surto de peste suína e aumento da demanda chinesa impulsionaram os resultados do segundo trimestre das maiores processadoras de carne do Brasil, Marfrig e JBS, que registraram lucro no período.
“A China já demandava bastante. Com o advento da peste suína, potencializou-se em demanda e preço. É um mercado que remunera melhor que os outros, tomamos posição e aproveitamos a demanda com melhor preço”, declarou o CEO da operação América do Sul da Marfrig, Miguel Gularte, em teleconferência com investidores na quinta-feira (15).
A empresa informou lucro líquido de R$ 86,5 milhões no segundo trimestre, revertendo um prejuízo de R$ 582 milhões registrado no mesmo período do ano passado. A operação da América do Sul foi beneficiada pelas compras do país asiático, gravemente impactado pelo abate do rebanho suíno.
De acordo com relatório trimestral da companhia, aproximadamente 46% do total da receita de exportação da Argentina e 62% do Uruguai foi destinado a China. Já o Brasil está limitado ao modelo de habilitação “planta-a-planta”, e cerca de 31% da exportação foi destinada ao mercado chinês.
O presidente executivo da Marfrig, Eduardo Miron, avalia que a expectativa é positiva para viabilizar novas exportações. “Esperamos novas aprovações até o final do ano.” Atualmente, a empresa possui nove de plantas habilitadas para exportações de carne bovina para China.
Gularte destacou que, independentemente da peste suína, o potencial do país asiático é enorme. “A China é um demandante natural, está ocidentalizando seus hábitos e é um mercado gigante. O potencial é muito animador.”
Além das exportações da América do Sul, a Marfrig também destacou a influência do crescimento da operação na América do Norte no resultado do trimestre. No ano passado, a Marfrig adquiriu 51% das ações da National Beef, uma das maiores processadores de carne bovina dos EUA. “A National Beef tem performado muito bem, casando com nossa estratégia de foco em bovinos”, contou Miron.
Em junho, a empresa concluiu a aquisição da Iowa Premium por US$ 150 milhões. Essa operação adiciona 1.100 cabeças por dia à capacidade de abate na região, que agora totaliza 13.100 cabeças por dia. “Esperamos um ciclo positivo nos próximos dois a três anos. Esse mercado tem componentes que vão favorecer a rentabilidade. Acredito que estamos no local certo no momento certo”, afirmou o executivo.
JBS
A JBS também informou que teve lucro líquido de R$ 2,18 bilhões no segundo trimestre. Assim como a rival, a processadora se beneficiou do abate de rebanhos na China. “O surto de febre suína africana em muitos países contribuiu para um aumento das exportações e representa uma grande oportunidade de crescimento de nossos negócios”, detalhou a companhia.
No relatório, a JBS apontou uma receita de exportações de US$ 3,3 bilhões no segundo trimestre, superando os US$ 2,9 bilhões registrado nos primeiros três meses do ano. Os embarques para China representaram 24,6% do total, um ganho de quase dois pontos percentuais em relação ao período anterior. O mercado asiático representa quase metade do total das exportações.
Na unidade do Brasil, a receita totalizou R$ 7,2 bilhões, o que representa um aumento de 15% em relação ao segundo trimestre de 2018, com crescimento de 12,2% no volume processado. No mercado externo, que respondeu por 41% das vendas da unidade, a receita líquida teve crescimento de 12,1%, atingindo R$ 2,9 bilhões, devido a um aumento de 6,5% no volume e de 5,3% no preço médio.
Apesar da suspensão temporária das exportações de carne bovina do Brasil para China, as vendas para o país cresceram 32% quando comparado ao igual período do ano passado.
Na América do Norte e Austrália, duas importantes bases de operação para o grupo, os negócios com carne bovina foram impulsionados pela demanda local e maiores volumes de exportação, afirmou a companhia. O lucro da empresa antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) somou R$ 5,1 bilhões e a receita líquida avançou 12,5%, para R$ 50,8 bilhões. (DCI)