Gustavo Rezende Machado é trainee pela Agrifatto

Nas últimas três semanas, foi visível a baixa liquidez do mercado interno como o principal fator de pressão às cotações.

O desestímulo à comercialização pelos preços baixos, associados à necessidade de originação das indústrias ou também para alimentação animal, e ainda a demanda internacional que importa volumes em proporções maiores do que no ano passado, são os principais fundamentos da alta desde agosto.

Mas quando os preços atingem patamares que motivam novos negócios, o movimento tem correção e abre-se janelas de oportunidades para a compra da matéria-prima.

Nesse sentindo, o indicador do milho ESALQ/BM&FBovespa subiu 25% desde agosto, com a máxima nesse período de R$ 31,81/saca de 60 kg, alcançando os patamares de preço de março/17. Apenas na primeira metade de outubro o aumento foi de quase 10%.

O gráfico 1 demonstra a movimentação do indicador a partir do início de junho, quando as cotações estavam em R$ 26,52/saca.

Ainda que as cotações sigam uma tendência positiva, a análise gráfica indica que a próxima resistência se encontra em R$ 32,00/saca, valor muito próximo ao praticado no mercado atualmente, sugerindo a abertura de uma janela de oportunidades pelo lado do comprador.

Além disso, o boletim econômico do Instituto Mato-grossense de Economia Aplicada dessa semana exibe o atraso na comercialização do milho para o estado, uma diferença de -13,65 p.p para o cereal da safra 2016/17 e ainda um ritmo 72% menor de negociações para a safra atual.

Os dados indicam, portanto, que os atrasos devem configurar-se como uma resistência às altas no longo prazo, associada ainda ao aumento do volume dos estoques, estimados em 960 mil toneladas até o final do ano no Mato Grosso. No ano passado, os estoques do cereal estiveram em 200 mil toneladas.

Ou seja, os preços devem ficar mais altos no próximo ano, mas as altas terão resistências pelos estoques e volumes a serem comercializados, ficando abaixo dos patamares observados em 2016.

O risco de uma alta mais expressiva fica pelo lado da oferta, caso haja quebra de safra e queda significativa da disponibilidade do cereal no próximo ano.

Perspectivas para os preços futuros:

A sazonalidade para o preço do milho relaciona-se com o período de colheita do cereal, mas também com a safra da soja, já que é necessário liberar espaço para o armazenamento da oleaginosa.

Considerando os preços futuros e os prêmios para cada região, a expectativa dos agentes para os preços do milho em São Paulo, Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais estão descritas pelos gráficos a seguir.

Desse modo, as cotações para o milho devem ter leve recuo nos próximos dias, corrigindo o forte movimento de alta das últimas semanas, para depois seguir com a tendência positiva até fevereiro do próximo ano, quando o volume do cereal disponível aumenta com a colheita da safra de verão.

Apesar do atraso desta safra, possivelmente uma segunda janela com melhores preços para aquisição da matéria prima se abrirá em dezembro ou janeiro, quando a oferta deve aumentar para liberar espaço para o armazenamento da soja.