Embora tenha passado a onda de euforia ocasionada pela escalada histórica dos preços do boi gordo em novembro último, analistas mantêm previsões otimistas para o mercado pecuário ao longo de 2020. No Mato Grosso, responsável pelo maior rebanho bovino do Brasil (veja abaixo últimos dados oficiais do IBGE), especialistas do Instinto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) apontam pelo menos três fatores para se apostar na sustentação dos preços pecuários no ano que vem.
Embora sejam análises regionais,voltadas exclusivamente para as regiões matogrossenses, esses indicadores favoráveis ao setor também valem para os outros importantes Estados pecuários do País.
O primeiro deles é a continuidade do quadro de escassez de oferta de animais prontos para o abate, resultado da maior matança de fêmeas em anos anteriores, quando o ciclo de preços era de baixa, o que desestimulou grandes investimentos na atividade. “Sabe-se o estoque de boi gordo tende a ser menor no próximo ano, devido ao aumento do abate de fêmeas desde 2017, o que também favorece as cotações dos bezerros”, afirma o Imea, em seu relatório divulgado nessa segunda-feira.
Outro fator positivo para a pecuária mato-grossense, relata o instituto, é provável sustentação das exportações de carne bovina do Mato Grosso para a China. “Mesmo que o país asiático já tenha sinalizado estratégias para recompor o rebanho suíno, a peste suína africana ainda é uma realidade no continente asiático”, avalia.
O Imea também acredita numa recuperação mais consistente no consumo interno de carne bovina em 2020, estimulada pela perspectiva de melhoria na economia brasileira. “Isso sinaliza que a renda do consumidor poderá estar mais favorável, o que reflete no maior poder de compra da população e a busca maior por itens como a carne bovina, que geralmente é substituída pela suína ou de frango quando os gastos estão apertados”, avalia. Dessa forma, conclui o instituto, “as tendências são de sustentação dos patamares dos preços nos três elos da cadeia em Mato Grosso”.
Balanço 2019 em Mato Grosso
Com o aquecimento da demanda externa, atrelado à menor oferta de animais disponíveis para abate, os preços do boi e da vaca gorda registraram acréscimos de 9,49% e 8,95%, respectivamente, no período de janeiro a novembro deste ano, ante igual intervalo de 2018, de acordo com dados do Imea. Nessa mesma base de comparação, a cotação do bezerro no MT apresentou valorização de 10,32%. O diferencial de base MT-SP, por sua vez, cresceu em 1,12 ponto percentual no comparativo anual, uma vez que os preços do boi gordo no mercado paulista valorizaram mais do que em Mato Grosso, ficando atualmente em -10,79%.
Abates – No acumulado de janeiro a novembro de 2019, foram abatidos 5,27 milhões de animais no Mato Grosso, crescimento de 6% sobre a quantidade registrada em igual período de 2018. Deste total, 2,28 milhões foram fêmeas, o que significou aumento de 4% na comparação com igual período de 2018, segundo dados do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea).
No período de janeiro a novembro, as exportações mato-grossenses de carne bovina alcançaram U$S 1,18 bilhão, resultando em embarque total de 380,50 mil toneladas equivalente-carcaça. Destaque para a China e Hong Kong, os principais importadores da carne bovina do Mato Grosso (participação de 33% no total exportado nos 11 meses do ano). Favorecidos pela habilitação de sete plantas frigoríficas para o mercado chinês, os exportadores do Mato Grosso enviaram 126,95 mil toneladas para China/Hong Kong no período de janeiro a novembro, um aumento de 20% sobre o volume de igual período de 2018.
“O aumento das exportações do MT esteve atrelado à peste suína no continente asiático e todo este cenário resultou na mudança de patamar da arroba do boi gordo, sobretudo em novembro, com registros de médias diárias de R$ 195/@”, relata o Imea. (DBO)