Gustavo Machado é consultor pela Agrifatto
Lygia Pimentel é médica veterinária e consultora da Agrifatto

 

O abate total de bovinos no Brasil subiu 4,6% em 2017 e somou 38,2 milhões de cabeças, segundo o levantamento da Agrifatto com base nos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE nesta quarta-feira (21/03).

O movimento encerra o período de queda dos abates brasileiros cujo ápice ocorreu em 2013, em resposta tanto ao próprio ciclo pecuário quanto pela grave recessão econômica que afetou substancialmente o consumo de carne bovina e regulou a necessidade de abates juntamente ao fechamento de plantas frigoríficas no Brasil.

A reversão do movimento já estava clara no ano passado, com a retomada de operações em frigoríficos que haviam sido paralisados, bem como a necessidade de abastecer o volume exportado em crescimento e o apetite interno ligeiramente maior devido à retomada do crescimento econômico, que foi branda.

Após a participação das fêmeas nos abates alcançar a máxima recente de 42% entre 2011 e 2012, houve retenção desses animais até 2016, em estímulo aos preços altos da cria, e recuo da sua participação para 38% no período.

O movimento deve continuar pelo próximo biênio com projeção realizada pela Agrifatto de 36% para 2018, patamar equivalente ao alcançado em 2010.

Em 2017, assim como houve alta para a quantidade de abates totais, a participação das fêmeas também foi ampliada, subindo 8,9% ante o ano anterior.

O menor interesse em manter as fêmeas nas fazendas indica valorização do animal jovem no longo prazo, além de atualmente limitar o movimento de alta das cotações (destaque para a participação desta categoria nos abates do MS).

Além disso, os abates recuaram no 2º trimestre na comparação entre 2016 e 2017, consequência aos episódios que impactaram o setor e desvalorizam a arroba bovina em quase 10% naquele período (indicado pelo círculo vermelho no gráfico 3).

Já na segunda metade do ano, os abates avançaram quando comparados aos mesmos períodos de 2016.

Por fim, a maior participação de fêmeas nos abates ao longo de 2017 aconteceu nos primeiros meses do ano, média de 44%, já que sazonalmente há maior descarte dessa categoria neste período. No segundo semestre a proporção caiu para 37%.

Para 2018 a expectativa é de continuidade do avanço dos abates brasileiros, puxado pelo aumento do rebanho brasileiro, maior capacidade operacional das indústrias e pelos crescentes volumes de exportação, bem como pela recuperação econômica que deve impulsionar o consumo de carne bovina nas praças de maior poder aquisitivo.

A maior oferta pressiona os valores da arroba bovina, assim como mais carne é fornecida ao mercado, e considerando a retomada lenta do consumo e piora da competividade da carne bovina frente as outras proteínas, o resultado tem sido os ajustes dos preços praticados.