O alerta de geadas no Paraná, segundo maior produtor de grãos do Brasil, voltou a ser emitido para esta semana, mas a tendência é de que o fenômeno seja de fraca intensidade e não prejudique as lavouras de milho, em fase inicial de colheita, ou as de trigo, cujo plantio está agora bem adiantado.

O Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar) aponta para o risco de geadas fracas na porção sul do Estado a partir de quinta-feira. No dia seguinte, “o frio continua mais intenso entre o sul da região oeste, no sudoeste, na região central, no sul e no sudeste”, onde as condições também são favoráveis ao fenômeno, acrescentou.

O analista de milho do Departamento de Economia Rural (Deral), Edmar Gervásio, contudo, pondera que eventuais geadas no sul paranaense atingiriam uma região que não responde pelo grosso da produção –as lavouras se concentram no oeste e norte do Estado.

Além disso, no sul do Paraná “a maior parte (do milho) já está em maturação e colheita, então não tem tanto risco”, explicou.

O Paraná é o segundo maior produtor de milho do Brasil, atrás apenas de Mato Grosso, e deve produzir menos de 10 milhões de toneladas na segunda safra deste ano após uma seca entre abril e maio, segundo já alertou o próprio Deral.

Até o momento, a colheita da chamada “safrinha” atinge apenas 1 por cento da área, com quase metada das plantações em condição regular.

“As chuvas agora têm sido favoráveis. Hoje, se a gente pensar, a questão hídrica está resolvida. O milho não precisaria mais de chuva para se desenvolver. O que precisa agora é de condições climáticas mais estáveis, que ajudem no desenvolvimento, na formação do grão, o que se reflete em produtividade”, disse Gervásio.

 

TRIGO

O Deral informou que o plantio de trigo no Paraná, o maior produtor nacional, avançou para 83 por cento do total previsto, revertendo um forte atraso inicial para estar, atualmente, no ritmo mais adiantado em 10 anos.

Em seu mais recente levantamento, o Deral estimou uma produção de 3,30 milhões de toneladas de trigo neste ano, com um plantio de 1,04 milhão de hectares.

“O produtor deu uma arracanda após as chuvas na metade do mês passado e compensou o atraso”, disse Carlos Hugo Godinho, analista do Deral, descartando uma colheita antecipada, mas “concentrada”.

Atualmente, quase todo o trigo no Paraná apresenta boa condição e está em desenvolvimento vegetativo, quando “é bem resistente a temperaturas mais frias”, disse Godinho, referindo-se às geadas.

Pelos dados do Thomson Reuters Agriculture Weather Dashboard, o Paraná deve observar temperaturas mínimas próximas a 5 graus Celsius entre quinta-feira e sábado. Depois, voltarão a subir.

Em maio, o Estado também enfrentou episódios de geadas, sem danos relevantes. (DCI)