A produção de soja no Paraná deve alcançar 20,37 milhões de toneladas na safra de verão 2020/21, queda de 1% ante a temporada anterior, apesar de projeção de área plantada recorde, com técnicos da Secretaria de Agricultura apontando produtividades mais em linha com a média histórica, após bons resultados em 2019/20.
Em sua primeira projeção para o ciclo atual, o Departamento de Economia Rural (Deral) vê alta de 1% na área de plantio da soja, para 5,53 milhões de hectares na soja, e o mesmo percentual de aumento para o milho, a 358,6 mil hectares.
Impulsionados por elevados preços das commodities, produtores do Paraná, segundo produtor de grãos do Brasil, estão ocupando terras antes usadas como pastagem, já que o Estado que tem uma área agrícola bastante consolidada.
“Esse aumento é praticamente em cima de áreas que não são as melhores para produzir, eventualmente uma área que estava com pastagem, com esse preço, está sendo usada, mas nada leva a crer que ela vai se tornar parte do sistema produtivo se o preço tornar a recuar”, afirmou o analista do Deral Carlos Hugo Godinho.
Até o momento, o patamar mais elevado de plantio da oleaginosa no Paraná havia ocorrido em 2019/20, com 5,46 milhões de hectares semeados.
Em contrapartida, é esperada redução na produtividade em relação à safra passada, quando os rendimentos ficaram acima da média para o Estado, disse o economista do Deral Marcelo Garrido.
“Em 2019/20 houve uma produtividade acima do esperado e da média que consideramos para o período… Então, para 2020/21 não chega a ser um recuo, é na verdade um retorno para a média”, explicou.
O rendimento projetado para a soja é de 3.685 kg por hectare, ante 3.781 kg no ciclo anterior.
Já a produção de milho de verão pode recuar 3%, para 3,44 milhões de toneladas, estimou nesta quinta-feira o órgão do governo. A produtividade foi estimada é de 9.609 kg por hectare, ante 10.017 kg um ano antes.
REVISÕES E EFEITO CLIMÁTICO
O órgão estadual ainda revisou para cima a estimativa de produção para o milho segunda safra 2019/20, a 11,77 milhões de toneladas, ante 11,55 milhões projetadas no mês passado.
Já no trigo, houve recuo na expectativa de colheita frente ao levantamento anterior de 3,68 milhões de toneladas, e agora a safra está estimada em 3,47 milhões.
“A maior parte (da redução na safra de trigo) é geada, na maioria dos casos. O pessoal que fez o levantamento deu um apontamento de quanto pode ser no mínimo essa perda. Com sorte, a gente pode ficar por aí mesmo”, afirmou Godinho.
Ele observou que ainda há plantas sem sinais de perdas, que poderiam ficar mais evidentes nos próximos dias.
Pouco mais de 60% da área de trigo do Estado estava em fases suscetíveis a perdas pelo frio intenso, mas a região norte, com quase um terço das lavouras do Estado, não teve geada, por exemplo.
O especialista disse ainda que outra dificuldade de se levantar os prejuízos agora é que muitas lavouras em fases suscetíveis foram afetadas de forma desigual pelo fenômeno.
A área mais atingida, onde as geadas foram mais intensas, foi o sudoeste do Estado, entre Pato Branco e Francisco Beltrão, com a primeira região com metade da área sujeita a perdas e a segunda com 80%.
“As geadas foram mais fortes quanto mais perto de Pato Branco”, afirmou Godinho, ponderando que as duas regiões têm cerca de 13% da área tritícola.
Apesar de outros problemas verificados recentemente, como chuvas intensas e seca, o especialista afirmou que o trigo do Estado pode render uma safra acima de 3 milhões de toneladas, caso não sejam verificados novos problemas por geadas.
“Se se mantiver acima de 3 milhões de toneladas, para quem teve seca em agosto, e persistentes chuvas e, finalmente, as geadas… acho até que é uma produção relativamente boa”, comentou. (Reuters)