Gustavo Machado é consultor de mercado pela Agrifatto
Nesta semana o IBGE e a CONAB divulgaram novos levantamentos para a produção agrícola no Brasil, indicando ainda que pelo lado da oferta os números já estão praticamente fechados e devem variar pouco até o final do ano.
No geral, as estimativas da CONAB mostram-se ligeiramente mais altas que o cálculo do IBGE.
Mas começando pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, o país deve colher um total de 225,8 milhões de toneladas de grãos neste ano, queda de 6,20% frente à temporada 2017/18, quando somou 240,60 milhões de toneladas.
O milho foi a principal cultura projetar números em queda, com produção 18,60% menor, estimada em 81,10 milhões de tons – resultado dos declínios de 8,0% da área cultivada e de 11,60% da produtividade média.
As maiores quedas de produção aconteceram no MS, GO e PI, especialmente pela estiagem que comprometeu a safra de inverno (safrinha), colocando pressão sobre o setor de proteínas vivas, e que não deve exibir alívio nos próximos meses.
Já a produção de soja alcançou novo recorde nesta temporada. O IBGE calcula uma colheita de 116,80 milhões de toneladas, alta de 1,60% frente à temporada anterior e avanço de 2,6% da área cultivada.
E apesar da oferta recorde, a quebra da safra Argentina e a disputa comercial entre EUA e China, bem como a forte valorização do Dólar, mantêm as cotações do produto em patamares elevados (impulsionados pela apreciação dos prêmios nos portos e valorização cambial). E também sem perspectiva de alívio até a chegada da próxima safra, dado o período de entressafra e queda dos estoques de passagem.
Já a CONAB estima produção 1,10% maior que o calculado pelo IBGE. A Companhia prevê colheita total de 228,30 milhões de toneladas por uma produção 3,90% menor frente o obtido na temporada anterior.
As duas companhias projetam avanço da produção de soja na ordem de 4,60%, mas a CONAB aponta para produção ainda mais volumosa, de 119,28 milhões de toneladas do grão.
Para o milho, as duas companhias convergem para a mesma produção esperada, já que a CONAB também estima colheita de 81,36 milhões de toneladas.
Veja as projeções e as diferenças porcentuais entra as duas companhias na tabela 1.
Mas, e as perspectivas para a próxima safra?
Apesar do recorde nesta temporada de soja, não se descarta que a produção continue avançando e busque por um novo título na temporada 2018/19, especialmente com os preços convidativos ao cultivo da oleaginosa.
Depois de um ano de desafios climáticos, a produção do milho deve avançar, o que pode oferecer algum alívio as cotações a partir da colheita da próxima safra de verão.
Porém, o tabelamento dos fretes que impacta em maior intensidade o valor do cereal impede uma queda mais expressiva. Outro suporte vem do ritmo lento das negociações do físico, com produtores retendo a matéria-prima.
O cenário internacional e o câmbio continuarão como importantes fatores a conduzir as cotações, especialmente pelo impacto em Chicago e aos prêmios (essenciais a precificação).
Por fim, a pressão para o setor de proteínas vivas deve continuar em 2019 e a atenção à armazenagem se faz cada vez mais importante para ampliar a janela de originação e contratação dos fretes.