O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) deve definir nesta semana a data da missão sanitária que virá ao Brasil avaliar a possível reabertura do mercado americano à carne bovina in natura. Os americanos embargaram o produto em julho de 2017, após a detecção de problemas na carne do Brasil.

A informação sobre a missão sanitária foi divulgada ontem pelo Ministério da Agricultura, em nota. “Ele [o secretário do USDA, Sonny Perdue] ficou de, em três dias, me falar sobre a provável data da visita da missão para fazer a inspeção nos frigoríficos”, afirmou a ministra Tereza Cristina.

O processo de reabertura do mercado foi um dos pontos destacados no comunicado conjunto divulgado por Brasil e EUA na terça-feira, durante a visita do presidente Jair Bolsonaro ao presidente dos EUA, Donald Trump.

No entanto, o agendamento da visita de técnicos do USDA aos frigoríficos do Brasil não garante a reabertura do mercado. Ontem, em Nova York, a ministra da Agricultura disse, em entrevista à agência Reuters, que a visita dos inspetores sanitários é um “gesto” de boa vontade dos Estados Unidos, mas ainda insuficiente.

Entre os frigoríficos brasileiros, há quem deseje que a missão ocorra depois de maio, quando a nova composição da vacina contra o vírus da febre aftosa estará em vigor. Por determinação do Ministério da Agricultura, as indústrias veterinárias retiraram da composição da vacina a saponina, substância que chegou a ser apontada como a responsável pelos abscessos (acúmulo de pus) detectados na carne brasileira em 2017 pelos americanos.

Paralelamente, o governo brasileiro sinalizou aos EUA a possibilidade de abrir o mercado para a carne suína americana. Mas Tereza fez questão de dizer ontem que a abertura ainda não está confirmada. “Não foi concedida. Estamos discutindo o certificado sanitário”, afirmou ela, em um comunicado divulgado ontem pelo Ministério da Agricultura.

Na indústria de carnes, a abertura do mercado brasileiro foi vista com reservas. Em nota, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) pediu “reciprocidade”. Hoje, apenas Santa Catarina pode exportar carne suína aos EUA. A associação informou que não se opõe à abertura para a carne suína americana, desde que empresas dos demais Estados brasileiros também possam exportar a carne aos Estados Unidos.

Para uma fonte do governo brasileiro que participou das negociações agrícolas com os EUA, as negociações evoluíram. “Saímos com a sensação de que a bola voltou a rolar e as coisas vão se resolver. Queremos limpar a mesa de pendências”, disse a fonte.