O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou nesta quarta-feira que solicitou ao Tesouro Nacional “mais ou menos” o mesmo montante de recursos para a equalização de juros que foi destinado no Plano Safra 2014/15, há quase dez anos.
Naquela temporada, o orçamento destinado à subvenção do crédito rural foi de R$ 11,6 bilhões. Segundo Fávaro, com a correção pela inflação, o montante seria o equalivalente a R$ 18 bilhões atualmente.
Fávaro não quis especificar o número exato pedido à equipe econômica, mas ele tem sinalizado que serão necessários quase R$ 20 bilhões para a equalização do Plano Safra 2023/24.
“Nossa proposta é com bem mais recursos do que no Plano Safra 2022/2023“, disse a jornalistas na saída do Ministério da Fazenda, depois de participar de reunião com o próprio Fazenda, Fernando Haddad.
O setor produtivo pede cerca de R$ 25 bilhões para apoiar os financiamentos a partir de julho deste ano. O montante destinado ao Plano Safra em vigor até o fim de junho (2022/23) foi de R$ 12,6 bilhões. O valor inclui o Pronaf, que atende a agricultura familiar, mas que hoje está a cargo do Ministério do Desenvolvimento Agrário. Para médios e grandes produtores, sob responsabilidade do Ministério da Agricultura, a fatia é de R$ 3,8 bilhões na temporada atual, explicou o Fávaro, o que mostra a diferença para se chegar aos mais de R$ 18 bilhões pretendidos.
O ministro disse que mostrou na reunião “as diferenças conjunturais” da safra 2022/23 e como esse cenário exige do governo “um Plano Safra mais robusto”. A principal preocupação é com a queda nos preços das commodities. O ministro disse que, em momentos como este, é mais necessária a presença do Estado no apoio ao setor para não gerar reflexos negativos em toda a economia.
“Vínhamos nos últimos sete anos com os preços de commodities aquecidos, e se fazia menos necessária a presença do Estado. Hoje temos quedas bruscas dos preços, muitos deles já abaixo do custos de produção”, disse Fávaro. O ministro também criticou o Plano Safra em vigor, construído pela gestão passada, cujo orçamento para equalização deu sinais de esgotamento ainda em 2022.
“Foi um Plano Safra muito aquém da necessidade da agropecuária brasileira, talvez imperceptível porque os preços das commodities eram altos, o que não acontece nesse momento”, completou.
“[Mostramos] a importância da agropecuária para a economia. Se não estivermos presentes nos financiamentos, os reflexos não vão acontecer só dentro das propriedades, nas fazendas, mas venderá menos trator, menos máquinas e equipamentos, menos fertilizantes, e haverá retrocesso na economia brasileira”, explicou.
De acordo com o ministro, “houve bom entendimento” por parte do Ministério da Fazenda, que deve apresentar contraproposta “em uma semana”.
Por fim, Fávaro afirmou que, paralelamente aos recursos do Tesouro, o Ministério da Agricultura vai “intensificar” soluções para que o mercado financie o agronegócio.
(Valor Econômico)