O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou nesta quarta-feira que espera receber o sinal verde da China para retomar as exportações de carne bovina brasileira para lá ainda em março, antes da viagem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deverá fazer ao país asiático.
Nesta quarta-feira, o Ministério da Agricultura comunicou a aplicação de um “autoembargo” nos embarques de carne bovina à China, válido a partir desta quinta-feira, em atendimento ao protocolo sanitário vigente desde 2015 entre os dois países, devido à confirmação de um caso do “mal da vaca louca” em um animal de 9 anos em uma propriedade rural em Marabá (PA).
“Com bom trabalho, no mês de março a gente consegue resolver o caso e levantar essas suspensões”, projetou o ministro em entrevista à CNN. “Quero crer que, antes da visita do presidente Lula no fim de março, tenhamos esse caso solucionado”.
Em 2019, em caso semelhante, o embargo durou 13 dias. Em 2021, dois casos atípicos foram registrados em Minas Gerais e Mato Grosso, mas a China demorou mais de três meses para retomar as compras de carne bovina do Brasil. No protocolo não há prazo determinado para que Pequim reestabeleça os negócios.
Segundo o ministro, a China foi comunicada ainda no fim de semana sobre o assunto, quando o caso ainda era uma suspeita. A comunicação é feita por meio dos adidos agrícolas brasileiros em Pequim, a embaixada na capital chinesa e a Administração-Geral de Alfândegas da China (GACC, na sigla em inglês).
Ao Valor, a assessoria do ministro confirmou que ele vai se reunir nesta quinta-feira (23/02) com o embaixador chinês em Brasília, Zhu Qingqiao, para tratar do assunto.
Na entrevista à CNN, Fávaro disse que Lula foi comunicado imediatamente da confirmação do caso e que lhe pediu empenho para solucionar o tema e transparência com os países importadores e com os consumidores brasileiros. O ministro quis tranquilizar a população e ressaltou que o consumo de carne bovina é seguro. “Não se preocupem em relação ao consumo, não há hipótese de ter risco”, garantiu.
Segundo o ministro, o animal era velho e criado a pasto. O bovino não teria consumido ração contaminada, um dos itens que poderia indicar um caso típico de vaca louca e que requer mais cuidados.
Pela experiência dos técnicos que acompanham o episódio, o caso deve ser atípico. Amostras biológicas foram enviadas para um exame de contraprova no Canadá, cujo resultado deverá sair nos próximos dias.
Fávaro explicou que nenhum outro animal dessa propriedade foi abatido e que, portanto, não há carne dos bovinos desse rebanho nos mercados.
O ministro ainda destacou que a confirmação do caso de vaca louca não representa nenhuma falha no sistema de vigilância e de fiscalização agropecuária. Fávaro disse que a doença é causada por um processo degenerativo cerebral, que pode ocorrer em animais mais velhos, como é o caso do Pará.
“Nenhum animal dessa propriedade foi abatido em frigorífico, a carne não está no mercado. O animal doente foi abatido, protocolarmente, e não há risco de contaminação. A propriedade está isolada e não há risco de sair do controle da vigilância sanitária brasileira”.
(Valor Econômico)