O Ministério Público e a BRF de Lajeado (RS) chegaram, na madrugada desta sexta-feira, 15, a um acordo para a volta parcial e gradativa dos trabalhos no frigorífico. Nos últimos dias, indústria, setor produtivo e autoridades sanitárias buscaram um consenso para a retomada segura do funcionamento de unidades interditadas na cidade e também em Passo Fundo, devido a casos do novo coronavírus.
No acordo estipulado entre a empresa e o MP, além da volta gradual, a BRF terá que testar todos os funcionários antes de retornarem aos postos de trabalho, além de ofertar profissionais de saúde para acompanhar as famílias em casa, dar contrapartidas financeiras aos hospitais da região e garantia de menor prejuízo aos agricultores integrados.
“Após idas e vindas de notas e decisões judiciais, a empresa estreitou a discussão com o Ministério Público e assim facilitou o acordo”, disse a promotoria de Lajeado.
Acúmulo de animais nas granjas
As últimas semanas foram marcadas pela incerteza em torno do fechamento de frigoríficos em Lajeado e Passo Fundo. Isso porque com a paralisação das atividades das indústrias, aumentou o número de animais terminados nas granjas.
O criador Gilmar Rodrigues produz frangos na cidade de Pontão (RS). Segundo ele, o caos está instalado nas granjas. “Os frangos que eram para terem sido abatidos há uma semana continuam por aqui, acumulando prejuízo, perdas e aves morrendo”, disse.
Ele reclama dos gastos que não param, como energia e manutenção da granja. “Temos o compromisso bancário para pagar, o financiamento que logo estará vencendo e não vamos ter lote suficiente para cumprir com as obrigações”. Cerca de 400 toneladas de carne que estão deixando de ir para a mesa do consumidor por causa desse impasse.
Abate sanitário dos animais
Em entrevista ao Canal Rural nesta semana, o secretário da Agricultura do Estado, Covatti Filho, afirmou que trabalha com as indústrias para que um eventual abate sanitário (sacrifício de animais) não seja necessário. Nesta semana, o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, havia afirmado a existência de pedidos por parte da BRF de local apropriado para que cerca de 400 mil aves/ dia e 4 mil suínos/ dia fossem enterrados.
“O Rio Grande do Sul não quer chegar ao momento do abate sanitário. Nós estamos fazendo uma remodelação e contando com empresas para que se faça a redistribuição para que se possa abater. Hoje eles [indústrias] estão conseguindo se organizar internamente, mas vai ter um momento que acaso continuar por mais dias, pode se criar esse ambiente de abate sanitário”, disse Covatti. (Canal Rural)