O Ministério da Agricultura espera que os Estados Unidos levantem ao longo do segundo semestre o embargo às exportações brasileiras de carne bovina in natura, que já dura dois anos. A missão sanitária americana que está no Brasil visitando frigoríficos para avaliar a reabertura do mercado terminará seus trabalhos no próximo dia 28.
Técnicos do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) chegaram na segunda-feira passada no Brasil para inspecionar plantas de seis Estados: São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. Também serão auditados laboratórios da rede pública federal e haverá visitas às regionais do serviço de inspeção animal nacional e reuniões na sede do Ministério da Agricultura em Brasília.
O resultado da missão é muito aguardado pelos frigoríficos brasileiros, que estão desde junho de 2017 sem exportar carne fresca aos EUA. O país suspendeu os embarques após detectar abscessos (inflamações) em carregamentos de carne bovina provenientes do Brasil. O então ministro da Agricultura, Blairo Maggi, fez uma série de tentativas para retomar as vendas, mas todas fracassaram.
Agora, a expectativa da Agricultura é que a aproximação diplomática do governo Bolsonaro com Washington agilize o processo. Esforços nesse sentido foram incluídos em comunicado conjunto dos presidentes Donald Trump e Jair Bolsonaro em março na capital dos EUA. Na ocasião, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, também se reuniu com o secretário do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), Sonny Perdue, quando foi negociada a vinda da missão.
“A missão está transcorrendo bem e os sinais que tivemos até agora são positivos”, disse ao Valor o secretário de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Orlando Leite Ribeiro. “O ideal é que a retomada venha no segundo semestre”, acrescentou.
Ribeiro explicou, no entanto, que o processo de reabertura tem que respeitar um cronograma. Após a auditoria, o serviço sanitário americano ainda terá que produzir um relatório sobre a missão no Brasil, e Perdue terá que analisá-lo para dar uma resposta ao Ministério da Agricultura do Brasil.
Tereza Cristina tem reiterado que não há mais pendências sanitárias em torno do assunto e que o fim do embargo depende apenas da missão e das negociações finais entre os governos dos dois países. Até o início do ano, a vinda de auditores a frigoríficos brasileiros não estava no radar – porém, Washington alertou que a última inspeção já havia completado um ano e que seria preciso uma nova auditoria in loco.
Embora sejam grandes produtores de carne, os EUA têm um importante mercado potencial, sobretudo para os cortes dianteiros do Brasil, muito demandados para a produção de hambúrguer. (AE)