Os dados, que consideraram vendas fechadas de meados de março até 21 de abril, foram compilados pela Secretaria Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade e constam em estudo preparado por técnicos da equipe de Paulo Guedes para uma estratégia de retomada baseada em investimentos privados em infraestrutura.
O documento aponta “certo consenso” quanto ao fato de que a recuperação da economia não será em “V”, dificilmente voltando ao patamar anterior à crise no curto prazo.
“As ações econômicas tomadas pelo governo federal visam garantir a subsistência das famílias mais pobres e manter as relações empresariais e trabalhistas ativas enquanto a interrupção das atividades impede a geração de renda”, diz o estudo.
“Entretanto, é esperado que o retorno dessas atividades não possa ocorrer em sua plenitude, em virtude das medidas de contenção da transmissão do vírus que poderão perdurar.”
De acordo com o levantamento, apenas dois setores viram o faturamento subir no período: saúde privada (+23%) e indústria extrativa (+11), categoria que engloba mineração, petróleo e gás (exceto refino) e florestal.
Houve queda superior a 30% no faturamento para 22 dos setores analisados, incluindo transporte de passageiros (-66%), serviços de alimentação (-45%), energia elétrica (-42%) e comércio de combustíveis e lubrificantes (-34%).
Outros 17 tiveram uma perda variando de 6% a 26%, inclusive alguns que tiveram permissão para seguir operando normalmente desde o começo da pandemia, como agropecuária (-16%) e comércio não especializado, que abarca hipermercados e supermercados (-10%).
Os números refletem o desafio para a economia em 2020 diante da interrupção sem precedentes na demanda por bens e serviços. Oficialmente, a expectativa para o Produto Interno Bruto (PIB) ainda é de alta de 0,02% no ano, mas integrantes do time econômico reconhecem que o número irá para o terreno negativo em revisão que será publicada em breve, ainda neste mês.
Na pesquisa Focus conduzida pelo Banco Central com dezenas de economistas, a projeção mais recente é de uma contração de 3,76% do PIB neste ano.
Veja abaixo os dados do Ministério da Economia para os 41 setores:
- Serviços de alojamento -90%
- Transporte aéreo -79%
- Fabricação de veículos automotores -74%
- Transporte de passageiros -66%
- Fabricação de têxteis, vestuário e calçados -63%
- Fabricação de móveis -51%
- Comércio de veículos, peças e motocicletas -49%
- Comércio de Tecidos, artigos de armarinho, vestuário e calçados -48%
- Outras atividades de serviços -47%
- Fabricação de produtos eletrônicos, de informática e elétricos -45%
- Serviços de alimentação -45%
- Outros serviços de telecomunicações e informações -44%
- Água e saneamento -43%
- Energia elétrica -42%
- Fabricação de máquinas e equipamentos, instalações e manutenções -35%
- Comércio de outros produtos em lojas especializadas -35%
- Comércio de Combustíveis e lubrificantes -34%
- Educação (privada) -32%
- Fabricação de produtos de borracha e de material plástico -32%
- Fabricação de produtos diversos, impressões e gravações -31%
- Refino do petróleo e produção de biocombustíveis -30%
- Comércio de artigos usados -30%
- Outros Transportes e serviços auxiliares -26%
- Fabricação de produtos minerais não metálicos e produtos de metal -26%
- Construção -25%
- Transporte de cargas -22%
- Serviços de manutenção e reparação -19%
- Serviços profissionais, administrativos e complementares -17%
- Comércio por atacado -17%
- Agropecuária -16%
- Telecomunicações -15%
- Comércio de Produtos alimentícios, bebidas e fumo -14%
- Atividades financeiras -14%
- Fabricação de produtos químicos -11%
- Comércio não especializado (hiper, super alimentos) -10%
- Fabricação de produtos de madeira, papel e celulose -10%
- Fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos -6%
- Fabricação de alimentos, bebidas e fumo -6%
- Tecnologia da informação -6%
- Indústrias extrativas 11%
- Saúde (privada) 23% (Reuters)