O Ministério da Agricultura abriu uma investigação para apurar fraudes na fiscalização sanitária de produtos da companhia de alimentos BRF. A apuração foi iniciada após a Polícia Federal ter concluído, no último dia 15, relatório sobre a Operação Trapaça. O Ministério publicou no dia 17 que iniciaria o processo de “apuração de responsabilidade de pessoa jurídica”, sem citar nominalmente a empresa. Também foi aberta uma sindicância para averiguar possíveis desvios de conduta de servidores públicos, conforme apurou o Broadcast Agro.
Questionada, a BRF informou, em nota, que “não foi notificada sobre novas investigações e, portanto, não pode comentar”. O ministério confirmou a abertura de um Processo para Apuração de Responsabilidade de Pessoa Jurídica (PAR), mas disse, por meio da assessoria, que o nome da empresa envolvida está sob sigilo. Os auditores fiscais agropecuários Tacao Reis Toyosumi e Ana Paula Franco de Souza foram designados para montar a comissão que analisará o caso pelo prazo de 180 dias, o que, segundo uma fonte da pasta, justificaria o fato de a empresa não ter sido notificada até o momento.
Desdobramento da Carne Fraca, a Operação Trapaça apura fraudes que teriam sido cometidas por funcionários e executivos da empresa. Com a conclusão do relatório da PF, 43 pessoas foram indiciadas, entre elas o empresário Abilio Diniz, ex-presidente do conselho de administração da BRF, e Pedro Faria, ex-presidente executivo global.
No documento final, a PF afirmou que um esquema de irregularidades nas unidades da BRF, que comercializa, entre outras, as marcas Sadia e Perdigão, tinha como finalidade burlar o Serviço de Inspeção Federal (SIF), do Ministério da Agricultura, e as fiscalizações de qualidade do processo industrial da empresa. As investigações da PF concluíram que a prática das fraudes contava com a anuência de executivos do grupo, bem como de seu corpo técnico, além de profissionais responsáveis pelo controle de qualidade dos produtos da própria empresa.
Fontes informaram ao Broadcast que a BRF está em fase inicial de negociação de um acordo de leniência com o Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União (CGU). Pedro Parente, CEO da companhia, teria atuado pessoalmente em sondagens com a CGU. (AE)