O CEO da Minerva Foods, Fernando Galletti de Queiroz, destacou que a companhia gerou resultado operacional no quarto trimestre de 2018 e “só não teve lucro líquido por causa de despesas extraordinárias”. Segundo o balanço financeiro para o período, divulgado na noite de terça-feira, a empresa registrou prejuízo líquido de R$ 92,1 milhões, 70% menor que o de R$ 313,3 milhões em igual período de 2017.
Dentre as despesas, o diretor Financeiro e de Relações com Investidores (RI), Edison Ticle, detalha uma correção monetária na Argentina, uma operação de impairment (redução do valor a recuperar do ativo imobilizado) e um resgate de bonds. “A questão da hiperinflação na Argentina gerou esse ajuste e despesa de R$ 24,7 milhões; o impairment teve efeito de R$ 18,8 milhões e o resgate de bonds, de outros R$ 59 milhões”, explica.
Na avaliação de Queiroz, “a grande surpresa deste balanço foi a desalavancagem”. A relação entre dívida líquida e Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado baixou de 5 vezes no terceiro trimestre de 2018 para 3,9 vezes no quarto trimestre do ano. Ao final de 2017, a alavancagem estava em 4,6 vezes. A companhia ressalta que as referências de 2017 incluem números pró-forma de receita líquida e Ebitda para plantas dos ativos do Mercosul adquiridos em 1º de agosto de 2017.
“Alta geração de caixa livre ajudou a desalavancar a companhia no quarto trimestre. Se o fluxo de caixa fosse zero no período, a alavancagem teria ficado em, aproximadamente, 4,2 vezes, que é o que o mercado estava esperando”, argumenta Ticle. O fluxo de caixa livre do intervalo de outubro a dezembro de 2018 foi de R$ 363,3 milhões. No acumulado do ano este resultado alcançou R$ 752 milhões.
Mercado
O volume de abates do quarto trimestre de 2018 ficou estável no comparativo anual, em 869 mil de cabeças. A queda de 3,8% no volume de abates do Brasil foi compensada por uma alta de 4% nos abates do Mercosul. No ano, o abate total da companhia cresceu 23,6%, para 3,432 milhões de cabeças, desempenho positivo puxado pelo salto de 48,9% nos abates do Mercosul, que fecharam 2018 com 1,744 milhão de cabeças ante 1,687 milhão no Brasil.
Entre os resultados de receita bruta, o faturamento do mercado externo subiu 23,8% no quarto trimestre de 2018 ante igual trimestre de 2017, para R$ 2,975 bilhões, enquanto a receita do Brasil aumentou 5,5% no período, a R$ 1,949 bilhão. O CEO ressalta que a Minerva continua na liderança entre os exportadores de carne bovina da América do Sul e o ciclo do gado está em um momento positivo para os principais países produtores da proteína, como Brasil, Argentina, Paraguai e Colômbia. No Uruguai, onde recentemente houve a abertura de exportações para o Japão, o ciclo é mais estável.
“Vale destacar a participação da Ásia entre os compradores. A Minerva representou quase 30% das vendas brasileiras de carne bovina para este mercado, cujo crescimento foi o mais expressivo ao longo de 2018. O surto de Peste Suína Africana (PSA) na China contribuiu para o aumento da demanda e os embarques só não são maiores para lá porque ainda não temos mais unidades habilitadas”, comenta Queiroz.
Questionado sobre a missão do governo brasileiro aos Estados Unidos, marcada para a semana que vem, o CEO da Minerva diz que compartilha da visão da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e está confiante quanto à reabertura do mercado norte-americano para a compra de carne bovina do Brasil no curto prazo. “Reabertura dos EUA, mais fábricas habilitadas para a China, abertura da Indonésia, são notícias positivas que a gente deve ter dentro do setor”. (Nayara Figueiredo – nayara.figueiredo@estadao.com)