Yago Travagini Ferreira é economista e consultor de mercado pela Agrifatto

O contrato corrente do milho na CBOT chegou ao menor patamar desde o dia 27/09/2006, fechando a segunda-feira em US$ 3,05/bu. A desvalorização do cereal foi marcada por dois eventos, a forte desvalorização do petróleo e o avanço acima das expectativas na semeadura de milho no solo norte-americano.

O petróleo WTI, não consegue encontrar sustentação e com estoques abarrotados viu o preço recuar mais de 25% ontem. Isso afeta diretamente o mercado de etanol nos EUA, que já está combalido pela forte redução na demanda graças ao Corona vírus, e visualiza seu principal concorrente a preços historicamente baixos, intensificando a crise no setor.

Além disso, o clima favoreceu o avanço da semeadura do milho nos EUA, que avançou 20 p.p., acima da expectativa do mercado, e já está em 27% da área total estimada. A expectativa de uma safra grande em meio a um mercado em crise deixa o mercado volátil e desanimado para buscar valorização nas cotações, sendo assim, a barreira dos US$ 3,00/bu pode vir a ser rompida conforme caminhar o petróleo e a semeadura do cereal nos EUA.

No Brasil, a situação se difere, visto que o clima e o dólar estão atuando como fatores altistas para a cotação do milho, com a 2ª safra do cereal sofrendo com a falta de chuvas em algumas regiões do país e assim já comprometendo o potencial produtivo que havia sido estimado anteriormente.