Gustavo Machado é consultor de mercado pela Agrifatto

As perspectivas climáticas têm embutido alta volatilidade às cotações do milho, já que a ocorrência de chuvas nos próximos dias será determinante para a definição do potencial produtivo nesta 2º safra de milho.

Por enquanto, as previsões indicam volume de chuvas chegando à região sul do país apenas na próxima semana.

Já para a segunda metade de maio, as áreas que podem receber precipitações se ampliam para praticamente todos os estados do centro sul do país.

O fato é que a volatilidade deve continuar em alta ao longo de todo o mês de maio, já que este período contempla o pendoamento e o enchimento dos grãos. Com isso, o mercado futuro continuará com movimentos técnicos e reagindo as previsões climáticas.

Mesmo com clima favorável à produção, de modo a não ajustar das estimativas, os preços ainda podem seguir sustentados por três principais motivos.

O primeiro se dá pela exportação como principal destino do cereal colhido na safrinha, que mantém os valores sustentados no mercado doméstico.

Adiciona-se ainda a relação cambial fortalecida, que mantém a demanda mundial voltada a matéria-prima brasileira, sendo que no segundo semestre a volatilidade pode ser ainda maior durante as eleições, já que até o momento, o cenário internacional tem exercido pressão mais forte a alta do dólar.

Observe pelo gráfico 1 como as exportações ao longo de todo 2017 e nestes primeiros quatro meses do ano seguiram a sazonalidade histórica das exportações do milho.

O segundo motivo se dá pela ampliação do ritmo de comercialização após o cereal atingir preços convidativos. Segundo o IMEA, a taxa de comercialização no MT superou a proporção do mesmo período do ano passado, com 44% da safra 2017/18 naquele estado já comprometida (alta semanal de 6,23 p.p.).

O terceiro fator de sustentação às cotações, ocorre pela possibilidade de menor liquidez no mercado físico ao longo do segundo semestre, como foi observado neste mesmo período de 2017.

Além dos três fatores descritos acima, o atual risco climático combinado ao cenário internacional fortalecido para as exportações e estoques mais ajustados podem promover uma nova rodada de alta renovando as máximas.

O ideal neste cenário é que alguma proporção da necessidade da dieta já tenha sido adquirida previamente, especialmente durante o final de 2017 e início de 2018, diluindo os custos do estoque de ração.

Além disso, uma alternativa de proteção se dá pela compra de um seguro de preços via mercado de opções. Deste modo, aqueles que demandam a matéria-prima mitigam riscos e garantem a originação por um preço máximo.

E aqueles que têm a atividade em estados exportadores da matéria-prima (como é o caso de MT e GO por exemplo), ainda podem ser beneficiados pelo diferencial de base que costuma se ampliar no período de colheita. Ou seja, as cotações nestas regiões ficam sazonalmente menores com relação a referência de SP, trazendo mais uma vantagem ao hedge via bolsa de opções.

Os gráficos 2 e 3 demonstram a sazonalidade dos prêmios, que ficam mais distantes da referência paulista. Tendência que pode ser repetir nesta temporada mato-grossense dada as boas condições das lavouras naquele estado.