Análise sobre o mercado pecuário elaborada pelo Cepea.
Os preços do boi gordo estão em queda tanto no mercado físico nacional quanto no futuro. No geral, o setor pecuário ainda vem absorvendo os impactos da operação Carne Fraca, da Polícia Federal. Em meio a muitas especulações e também aos recentes embargos por parte de importantes países à carne brasileira, pecuaristas e especialmente representantes de frigoríficos saíram do mercado, resultando em quedas nos preços da arroba. Muitas unidades, inclusive, paralisaram as atividades, postergando os abates que já haviam sido programados com pecuaristas.
No acumulado deste mês (entre 24 de fevereiro e 28 de março), o Indicador do boi gordo ESALQ/BM&FBovespa (estado de São Paulo) registra queda de 2,8%, fechando a R$ 140,98 nessa terça-feira, 28 – até o dia 16 de março, antes de a operação ser divulgada, o Indicador apresentava ligeira baixa de 0,2%. O valor médio deste mês está 0,9% inferior ao de fevereiro/17 e 7,77% abaixo do de março/16, em termos nominais – trata-se, também, da menor média desde agosto de 2015.
Na BM&FBovespa, os preços do boi gordo já vinham registrando quedas desde o início deste ano, com os ajustes dos contratos com vencimentos ao longo de 2017 sendo fechados bem abaixo dos de 2016. Esse movimento de baixa nos valores dos contratos acabou sendo reforçado logo após o dia 17 de março, quando a operação foi divulgada.
Assim, o contrato Outubro/17, que iniciou 2017 sendo negociado na casa dos R$ 150,00, chegou a fechar a R$ 140,41 no dia 23 de março, o menor ajuste deste ano. Vale lembrar que, em 2016, esse mesmo contrato foi negociado na casa dos R$ 173,00 no final de maio. Na parcial de março/17, a desvalorização do contrato Outubro/17 é de 2,4%, fechando a R$ 140,98 nessa terça-feira. A média mensal deste contrato está 0,17% abaixo da verificada em fevereiro/17 e 13,15% inferior à de março/16.
A queda verificada no mercado futuro também está atrelada à maior oferta de animais para abate em 2017 e à possibilidade de novas quedas nos preços da carne, em decorrência do atual ritmo lento na recuperação da economia brasileira. Portanto, o embargo por parte de grandes compradores de carne nacional pode reforçar a pressão nos valores da carne de boi negociada no mercado atacadista.
EXPORTAÇÃO – Nos 18 primeiros dias úteis de março, a média diária das exportações de carne bovina in natura foi de 4,3 mil toneladas, abaixo das 4,4 mil toneladas de fevereiro/17 e inferior às 5 mil toneladas de março/16, segundo dados da Secex. Caso esse volume seja mantido até o final deste mês, o Brasil exportaria 98,9 mil toneladas de carne, 10% abaixo da quantidade embarcada em março de 2016.
MOVIMENTOS DA SEMANA – Diante das atuais especulações no setor pecuário, apenas poucos negócios têm sido realizados no mercado de boi gordo, motivados pela maior urgência de compradores ou de vendedores. Verifica-se forte disparidade entre os valores negociados.
No mercado atacadista de carne com osso da Grande São Paulo, os efeitos da insegurança de agentes e a demanda retraída também têm sido evidentes, fazendo com que os preços retomem patamares que não eram observados desde agosto de 2016.
De 21 a 28 de março, o traseiro se desvalorizou 3,82%, a R$ 11,25/kg nessa terça-feira. O valor médio do dianteiro foi de R$ 7,92/kg, queda de 0,63%, e a da ponta de agulha, de R$ 8,02/kg, baixa de 4,5%. A carcaça casada do boi se desvalorizou 2,94% em sete dias, a R$ 9,53/kg, e a carcaça da vaca, 1,77%, a R$ 9,05/kg.
Entre as carnes substitutas, o preço do frango resfriado acumulou queda de 2,3% no intervalo de 21 a 28 de março, a R$ 3,65/kg na terça-feira. Para a carcaça comum suína, a variação foi negativa em 7,1%, a R$ 6,19/kg – ambos no atacado da Grande SP.