A quarta fase da Operação Carne Fraca, deflagrada nesta terça-feira pela Polícia Federal e batizada de Romanos, não deve fazer com que mercados internacionais bloqueiem a proteína animal brasileira. A opinião é da analista Lygia Pimentel, da consultoria Agrifatto. “Sem condições de o mercado internacional pensar em bloquear o Brasil diante do cenário que temos de estoque mundial de proteína”, disse ela em entrevista ao Broadcast Agro. “Pode aparecer algo pro forma, mas de fato bloquear o Brasil como fornecedor, eu acho difícil.” Ela lembrou que peste suína africana continua assolando diversos países, como o Timor-Leste. A doença vem devastando plantéis de suínos na Ásia.
Para o mercado interno, a analista também não vê um efeito expressivo da operação. “Já está meio absorvido pelo mercado. Trabalhamos com esse fato desde 2017”, afirmou. “Pode atrapalhar mais em termos de mercados de capitais. A ação da BRF, por exemplo – a companhia queria sair de uma fase bastante difícil e isso pode acabar atrapalhando. Mas acho que vai ser superado”, disse.
A operação investiga auditores fiscais do Ministério da Agricultura que recebiam propinas e empresas que intermediavam os pagamentos. As ações se iniciaram a partir da colaboração espontânea da BRF, investigada na 1ª fase da Carne Fraca. Cerca de 280 policiais federais cumpriram 68 mandados de busca e apreensão em nove Estados. As medidas cautelares foram expedidas pela 1ª Vara Federal de Ponta Grossa (PR). (AE)