A forte demanda dos Estados Unidos por carne bovina em momento de redução na produção local é um cenário propício para que o Brasil eleve as exportações da proteína ao país norte-americano, reduzindo a dependência do mercado chinês, segundo análise da consultoria Agrifatto.
“Ainda que o Sudeste Asiático, a Índia, países populosos, até mesmo na África, possam ser grandes importadores de carne bovina no futuro, hoje, a grande opção para o Brasil se ver um pouco mais distante da dependência chinesa são os EUA”, disse o consultor Yago Travagini em análise publicada no perfil do Instagram da Agrifatto na sexta-feira (27).
A China, maior importador de carne bovina brasileira, tem suspendido as compras de algumas plantas desde março. Na semana passada, a China anunciou a suspensão temporária das importações de carne de mais quatro plantas: duas da JBS (Lins-SP e Senador Canedo-GO) e duas da Marfrig (Promissão-SP e Várzea Grande-MT).
Já os EUA, maior produtor e segundo maior importador de carne bovina do mundo, têm elevado as compras do produto em momento de oferta apertada.
O estoque final de rebanho norte-americano em 2022 deverá cair para o menor nível dos últimos oito anos, com cerca de 90 milhões de cabeças, segundo dados do Departamento da Agricultura dos EUA citados pela Agrifatto.
De janeiro a abril, os EUA importaram 79,2 mil toneladas de carne bovina brasileira, 244% a mais que no mesmo período do ano passado, segundo dados divulgados pela Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) no início do mês.
“Aqui sim está um grande driver que pode mudar um pouco a precificação do boi gordo no médio e longo prazo, principalmente se o Brasil conseguir costurar um acordo com os EUA e, consequentemente, exportar mais para o país”, disse Travagini.
(CarneTec Brasil)