A Marfrig vai anunciar na quinta-feira (23) plano de estímulo à produção sustentável de carne. O projeto, que nasce de parceria fechada em setembro de 2019 com a organização sem fins lucrativos Iniciativa de Comércio Sustentável (IDH), compreende originalmente os Estados de Rondônia, Pará e Mato Grosso. De acordo com fonte da IDH, o programa pode ajudar a reduzir a figura do fornecedor indireto ou do “boi indireto”, que por várias vezes impede a rastreabilidade total da cadeia, sobretudo no bioma Amazônia. Trata-se do produtor de bezerros e de gado magro, que negocia animais com recriadores e terminadores. Estes lotes são de difícil monitoramento e eventualmente podem ser originados de áreas de desmatamento sem que isso seja identificado. Nos atuais sistemas de controle de fornecimento de bovinos, consegue-se rastrear com eficiência apenas aquele bovino que sai da fazenda já pronto para abate e é encaminhado ao frigorífico.

Segundo a IDH, a ideia é fornecer meios de inclusão dos fornecedores indiretos dentro de um sistema de originação sustentável. Para tanto, foram traçadas diretrizes para viabilização de três pilares de sustentação: uma rede de assistência técnica aos pecuaristas, alternativas de financiamento da produção (com a IDH atuando nesta intermediação) e um sistema de monitoramento (adicional aos já existentes) com indicadores de impacto no território e na produção de bezerros de qualidade.

A IDH avisa que o seu programa de bezerros está hoje em execução em Mato Grosso, já com a participação da Marfrig, nas regiões do Vale do Juruena e Vale do Araguaia. O novo programa abre a possibilidade para dar escala a outros Estados.

Segundo a Marfrig, que detalhará o projeto na quinta-feira, ele é baseado na rastreabilidade completa da cadeia de suprimentos, da inclusão de produtores em sistemas sustentáveis, no combate ao desmatamento e na transparência. Neste sentido a empresa não descarta a possibilidade de que sejam dadas “pinceladas” sobre a Carne Carbono Neutro, projeto em parceria com o governo federal que prevê a colocação, no mercado interno e externo, de uma carne brasileira com emissões de gases de efeito estufa totalmente neutralizadas a partir da reforma e manejo correto de pastagens e estímulo ao abate precoce.

De acordo com recentes informações do gerente de Sustentabilidade da Marfrig, Leonel Almeida, a empresa abate, em média, 2,5 milhões de bovinos/ano, sendo 45% provenientes da Amazônia (onde conta com 17.000 produtores em sua base de dados). Desta fatia, 53% têm potencial de dúvidas com relação à sua origem. (AE)