A Marfrig Global Foods aportará cerca de 50 milhões de reais em um programa para contribuir com a recuperação de seus clientes de food service no Brasil, setor bastante afetado pelas medidas de isolamento decorrentes da crise do novo coronavírus.
Intitulado de #TMJMarfrig, o programa buscará apoiar mais de 5 mil micro e pequenos bares, restaurantes, lanchonetes, padarias e churrascarias no Brasil, com a ampliação no prazo de vencimento das faturas e aumento, em até três vezes, no limite de crédito para compras de clientes parceiros.
“Entendemos que a retomada do food service (no Brasil) será similar ao que está acontecendo ao redor do mundo… sem dúvida é uma retomada lenta e gradual”, disse à Reuters o diretor da área de food service na companhia, Marcelo Proença.
Para ele, a possível morosidade neste processo de recuperação justifica a necessidade de um suporte financeiro.
Com base em um levantamento da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Proença destacou que houve queda de mais de 75% na receita deste setor desde o início da quarentena no país, em meados de março.
A pesquisa ainda indica que 62% dos estabelecimentos estão com dificuldades para repor os estoques para a reabertura e 40% têm menos de um mês de visibilidade sobre o futuro do negócio.
Desde a última semana, cidades como Rio de Janeiro e São Paulo avançaram na flexibilização da quarentena e permitiram a reabertura de bares e restaurantes.
Para a Marfrig, o percentual de queda na demanda vinda do canal food service durante a pandemia foi de 35%. O setor representou cerca de 17% dos negócios da companhia no primeiro semestre de 2020.
O diretor ainda afirmou que não haverá uma regra única para a aplicação do programa de créditos.
Prazos de pagamento e valores serão negociados caso a caso, conforme o histórico de relacionamento do cliente com a companhia.
Além disso, somente os clientes que mantiveram regularidade e relacionamento comercial com a empresa nos dez meses anteriores ao início da pandemia poderão acessar o benefício.
Os impactos da pandemia fizeram com que a demanda interna por carne bovina recuasse, na contramão do cenário de extremo otimismo verificado no mercado internacional, puxado pelas compras da China.
Somente nos seis primeiros meses do ano, as importações chinesas da proteína bovina do Brasil saltaram quase 150% e o país asiático foi destino de 57% dos embarques brasileiros no período.
No caso da Marfrig, as exportações responderam por 65% da receita gerada na operação América do Sul durante o primeiro trimestre deste ano, conforme dados do último balanço financeiro da empresa. (Reuters)