Fonte: AE
O maior descarte de fêmeas impulsionou o abate de bovinos no País em 2017 e levou ao primeiro crescimento do volume em três anos. A diversificação do mercado externo de carne bovina, com a reabertura de plantas frigoríficas ao longo do ano, também sustentou o aumento, assim como a queda dos preços da arroba, após a deflagração da Operação Carne Fraca, que não chegou, porém, a afetar significativamente as exportações do setor.
Na avicultura, os abates em 2017 foram marginalmente menores (-0,3%) ante 2016, o primeiro recuo em quatro anos. Entretanto, para a carne de aves, a investigação da Polícia Federal teve efeito mais significativo nas exportações, reduzindo os embarques.
Em 2017, o Brasil abateu 30,83 milhões de cabeças de bovinos sob algum tipo de inspeção sanitária, o equivalente a um aumento de 3,8% em relação a 2016, ou 1,13 milhão de cabeças a mais, segundo a Pesquisa Trimestral do Abate de Animais, divulgada hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em relação ao abate de frangos, foram 5,84 bilhões de cabeças, uma queda de 0,3% em relação a 2016, que significa 18,54 milhões de cabeças a menos.
Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o volume de carne de frango exportado pelo Brasil no ano passado foi 1,4% menor do que o registrado em 2016, com 4,32 milhões de toneladas embarcadas. “O ano começou desafiador para o setor de proteína animal, com a Operação Carne Fraca e um cenário difícil para as exportações”, diz o presidente executivo da ABPA, Francisco Turra, em nota. Turra lembrou que muitos mercados fecharam temporariamente suas portas ao Brasil. Entretanto, as vendas internacionais retomaram o ritmo já nos meses seguintes, ultrapassando em alguns momentos as 400 mil toneladas. “Isso, somado ao fato de que o consumo interno se reaqueceu ao longo do ano, com a melhora do cenário econômico, permitiu às empresas manter o ritmo produtivo, gerando números absolutos de produção melhores do que os alcançados em 2016”, pondera. Segundo a ABPA, o Brasil produziu 13,058 milhões de toneladas de carne de aves no ano passado, alta de 1,2% ante o ano anterior.
Na bovinocultura, pecuaristas enviaram um número maior de fêmeas para a linha de abate, depois que o preço do bezerro ficou menos atrativo. A analista da Agrifatto Lygia Pimentel aponta que apenas o abate de vacas e novilhas cresceu 9% no ano. Ela lembra também que a margem bruta dos frigoríficos melhorou consideravelmente, com a queda do preço da arroba do boi gordo, logo após a Operação Carne Fraca, em março do ano passado.
O analista da Scot Consultoria Hyberville Neto confirma que a reabertura de novas plantas frigoríficas também colaborou com o movimento. A investigação da Polícia Federal, com forte impacto sobre a cadeia produtiva bovina, além da crise da JBS no mesmo período, estimularam a diversificação no mercado frigorífico de bois, com destaque para Mato Grosso, onde unidades que estavam paradas foram reabertas no ano passado por outras empresas do setor, o que também contribuiu para o aumento da produção.
Hyberville acredita que o ritmo dos abates de bovinos deve se manter forte neste primeiro trimestre de 2018. Além da maior oferta de animais, ele aponta que o consumo doméstico mostra aos poucos sinais de melhoras, o que deve estimular a produção. Para Pimentel, a tendência para o fechamento de 2018 é de um volume de abate em linha com 2017.