Apesar de o preço do leite captado em novembro e pago aos produtores em dezembro de 2022 ter sido 6,7% menor em relação ao mês anterior, o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP) diz que o valor é 12,8% maior que o registrado no mesmo período de 2021, em termos reais.
O Cepea apurou que o último quadrimestre de 2022 foi marcado por consecutivas quedas nos preços do leite ao produtor por causa da demanda enfraquecida na ponta final da cadeia. “Com menor nível de renda da população, a pressão dos canais de distribuição por cotações mais baixas segue constante, e, para assegurar as vendas, os laticínios têm trabalhado com preços em queda há cinco meses – cenário que é repassado ao produtor”, destacou o Cepea.
Segundo o Centro de Estudos, o mês de dezembro teve incremento pontual nas vendas de lácteos por conta das Festas de fim de ano, mas o consumo permaneceu baixo, “levando a novas reduções nas médias mensais”. Mesmo com recuos significativos nos preços dos derivados em dezembro, o Cepea diz que é possível que esse repasse não seja feito em sua totalidade ao produtor. “Isso porque existe preocupação em relação à manutenção do volume produzido, uma vez que a captação em dezembro ficou aquém do esperado”, afirma. Assim, o preço do leite captado em dezembro pode apresentar estabilidade em diversas bacias leiteiras.
Agentes consultados pelo Cepea relataram que a produção do leite cru tem sido prejudicada pelo clima adverso, provocado pelo fenômeno La Niña (com chuvas em excesso no Sudeste e forte estiagem no Sul) e pela redução na margem do produtor.
Pesquisas do Cepea mostram que o Custo Operacional Efetivo da pecuária leiteira caiu de novembro para dezembro, mas a diminuição da receita do pecuarista por conta da queda nos preços do leite resultou em menor poder de compra frente a insumos importantes, como a ração. “Como reflexo dessa menor disponibilidade no campo, os preços do leite spot aumentaram a partir da metade de dezembro”, destaca a entidade. Em Minas Gerais, a média passou de R$ 2,31/litro na segunda quinzena de dezembro para R$ 3,01/litro na segunda quinzena de janeiro, alta de 30,8%, segundo pesquisa do Cepea.
“Além disso, é importante pontuar que a oferta de lácteos também se restringiu neste início de ano devido à queda nas importações”, observa. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram redução de apenas 0,16% no volume importado de novembro para dezembro, mas destaca-se como o menor volume importado desde setembro/22.