Na última semana, a Globo Rural esteve em alguns dos maiores estados produtores de soja do País para conferir o andamento da safra, à medida que a colheita avança e quem planta a safrinha já está colocando as plantadeiras novamente para trabalhar.
Uma das percepções mais evidentes entre Paraná, Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais é a recuperação da lavoura depois de períodos de estiagem, principalmente àqueles que fizeram a semeadura entre setembro e outubro. Apenas no Rio Grande do Sul a chuva demora a chegar, e ainda assim de forma muito esparsa, o que tem confirmado os dados da Emater/RS-Ascar sobre a menor produção do Estado.
Na região de Campos Gerais, que compreende o município de Ponta Grossa (PR), enquanto quem plantou em setembro já tem sinais da perda de produtividade, o agricultor que esperou o clima melhorar está mais suscetível a doenças e precisa ter adotado um bom manejo preventivo para evitar problemas de fitopatologia.
Em Goiás e Mato Grosso, a água que chega no momento de preenchimento de grãos é benéfica e deixa os produtores com expectativas positivas, uma vez que o visual das plantas está mais satisfatório e ainda há tempo de o grão terminar de se desenvolver até o final de fevereiro, quando deve aumentar o volume de áreas de soja para colher.
Em ambos os estados, a situação atual é de sucessão entre a colheita da soja e o início do plantio do milho, com um elevado nível de mecanização da lavoura. “A safrinha do Paraná está em um momento bom, está sendo plantada. No Mato Grosso, não se vê grandes atrasos. Isso faz com que a gente consiga atingir a projeção de 100 milhões de toneladas de milho”, diz Mauro Alberton, diretor de Portfólio de Proteção de Cultivos da Bayer para América Latina.
Já em Minas Gerais, o produtor de segunda safra ainda passa por um período de profissionalização, uma vez que o plantio da safrinha passou a ser mais comum no Estado apenas nos últimos três anos. Portanto, o desafio é colher em tempo hábil para iniciar a segunda safra, garantindo a produtividade da soja e seguindo o padrão do plantio dos calendários anteriores. A expectativa é que se colha mais do que em outros anos, mas ainda não será explorado todo o potencial produtivo, devido às condições climáticas.
No Rio Grande do Sul, a situação da estiagem segue em boa parte, como na região de Passo Fundo, em que não se vê chuva significativa há cerca de 20 dias. “Aqui a gente tem o ditado de que ano bom para cultura é ano bom para doenças, ou seja, quando tem chuva para ambos. Então não será o nosso melhor ano de soja, com certeza, haverá uma quebra na produtividade”, explica o professor da Universidade de Passo Fundo (UPF), Carlos Forcelini. (Globo Rural)