O diretor de Sustentabilidade Corporativa da JBS, Marcio Nappo, defendeu há pouco um engajamento maior entre a indústria frigorífica e pecuaristas para tornar a atividade mais sustentável. Para ele, que participa de webinar promovido pelo Insper Agro Global sob o tema “Brasil, exemplo de pecuária sustentável?”, o mercado de compra de gado é “um mercado de commodity, transacional e baseado em preço, onde o fornecedor escolhe para quem vender”.
“O produtor varia seus compradores e fica difícil você entrar na fazenda e formar uma parceria e aliança estratégica para as coisas mudarem (no sentido da sustentabilidade)”, disse. “Por isso precisamos fazer uma revolução neste setor, sair deste mercado transacional e migrar para uma relação mais estratégica com fornecedores.” Nesse sentido, ele defendeu que a indústria deve construir uma relação com o fornecedor que garanta a fidelização no fornecimento.
Nappo informou que a JBS firmou parceria com 70 fornecedores da região do Araguaia, em Mato Grosso, que têm uma “visão comum de sustentabilidade”. “E o próximo passo é conseguir monitorar toda a cadeia de fornecimento de gado, em todas as suas etapas”, disse.
No mesmo webinar, o diretor executivo da Estratégia Produzir, Conservar e Incluir do Estado de Mato Grosso (PCI-MT), Fernando Sampaio, disse que atualmente as discussões sobre embargos e boicotes à carne brasileira prejudicam a cadeia. “À medida que você corta o mercado, corta a evolução da cadeia produtiva em direção à sustentabilidade”, comentou. Em relação à Amazônia, ele citou que sabe de frigoríficos que recebem telefonemas de compradores de carne que pedem para que o produto venha de plantas distantes da Amazônia. Mencionou, entretanto, que não é a pecuária, em si, que causa o desmatamento na região, mas sim a falta de presença do Estado de regularizar as terras. (AE)