A produtora de proteína animal JBS e o BNDES estão planejando transações simultâneas de listagem de ações nos Estados Unidos e venda de parte da participação de 21,3% que o banco detém na companhia, segundo cinco fontes com conhecimento do assunto.

Fontes próximas à JBS dizem que a empresa está trabalhando numa transação um pouco diferente da que foi proposta em 2016.

O modelo ainda não está todo fechado, mas a ideia é fazer a cisão das operações internacionais numa nova empresa com sede fora do Brasil. Será uma coligada com os mesmos acionistas, mas não uma subsidiária da empresa brasileira. As operações no país continuarão sob o comando da JBS listada na B3.

Cerca de 75% da receita da JBS é obtida fora do Brasil, principalmente nos Estados Unidos, na Austrália e na Europa.

JBS e BNDES preferiram não comentar o assunto.

Em novembro, o BNDES contratou Bradesco BBI, BTG Pactual, Itaú Unibanco, Bank of America e UBS para coordenar a venda.

Uma das fontes disse que a JBS ainda espera listar nos EUA no segundo trimestre as operações internacionais, mas deve atrasar as datas previstas inicialmente para o roadshow para evitar a volatilidade causada pela epidemia de coronavírus. A JBS deve publicar os resultados do quarto trimestre em 25 de março.

Os executivos da JBS devem participar do roadshow organizado pelo BNDES para a venda da participação, de maneira semelhante à que ocorreu na transação da Petrobras. A JBS não deve contratar bancos para a cisão da parte internacional e listagem da empresa, trabalho que pode ser feito por advogados, já que a empresa não captará recursos.

A listagem de uma empresa ligada à JBS pode enfrentar pressões nos EUA, onde lobistas e alguns congressistas têm pedido investigações contra a companhia e seus acionistas, os irmãos Wesley e Joesley Batista. (Reuters)