A JBS S.A. irá manter as atividades e empregos além de priorizar o atendimento aos mercados locais onde atua durante a crise causada pelo coronavírus covid-19, disse o presidente global da empresa Gilberto Tomazoni na quinta-feira (26).
“A crise provoca um estresse em toda a cadeia. No entanto, a JBS está muito bem preparada para navegar este momento”, disse Tomazoni em teleconferência com analistas, acrescentando que a companhia também manterá os investimentos já planejados.
Tomazoni agradeceu aos 240 mil trabalhadores da empresa por continuarem trabalhando, garantindo o fornecimento de alimentos nos mercados em que atuam. Ele disse que a JBS tomou medidas preventivas para garantir saúde e segurança dos funcionários.
“Nós vamos manter as nossas fábricas operando até quando for seguro para nossas pessoas”, disse ele.
A JBS anunciou na quarta-feira (25) resultados recordes em 2019, fechando o ano na melhor posição financeira de sua história.
A plataforma diversificada de produção da empresa, com presença em quatro continentes e diversos países, garante à companhia flexibilidade para administrar as operações no cenário atual, segundo o executivo.
“Neste momento, ter a flexibilidade de poder se adaptar às diferentes mudanças potencias que possam ocorrer, ou no padrão de consumo ou entre os canais, é vital para que você possa navegar num mundo de bastante incertezas”, disse Tomazoni.
A JBS mantém perspectivas positivas para a demanda global de carne neste ano, apesar dos possíveis impactos do coronavírus que ainda não podem ser previstos.
Tomazoni disse que a lacuna na oferta global de carnes, exacerbada pela peste suína africana na Ásia, continua a existir, e que a China está retomando o fluxo normal de atividades após um período em que desacelerou o ritmo para enfrentar o surto de coronavírus.
“A China dá sinais claros de recuperação. O tráfego nas principais rodovias está em mais de 80% e as compras da China voltaram fortes”, disse Tomazoni.
O presidente da JBS USA, André Nogueira, estima que o volume de exportações de carne suína dos Estados Unidos para a China deva crescer mais de 20% em 2020, acima da projeção oficial de crescimento de 13% do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA).
O país asiático deverá ser o principal importador de carne suína dos Estados Unidos neste ano, um dos três maiores importadores de carne frango e ficar entre os cinco principais compradores de carne bovina norte-americana, segundo estimativas de Nogueira.
Efeitos do coronavírus
A JBS elevou a o nível de produção acima do patamar normal em suas unidades brasileiras e da JBS USA nas últimas semanas para atender ao aumento da demanda relacionada ao coronavírus.
Os executivos disseram que a demanda já começa a se normalizar, com unidades voltando aos níveis normais de operação para o período.
A JBS transferiu parte da produção que era voltada ao segmento de food service – no qual houve queda na demanda – para o varejo, fazendo as devidas adaptações.
“Também sentimos neste momento um aumento grande na demanda por produtos processados enlatados”, disse Tomazoni. A fábrica da empresa no Brasil focada nesse segmento está operando em três turnos para atender à alta nas demandas doméstica e global.
Nogueira disse que a aceleração na produção neste início de ano deve compensar em parte uma desaceleração no futuro relacionada às medidas de combate do surto, caso isto ocorra.
“O nosso setor (de alimentos) é muito resiliente e eu acho que será novamente um setor muito resiliente”, disse ele. (CarneTec)