Para que um material seja verdadeiramente sustentável, ele deve contemplar seu uso em toda a cadeia produtiva. Essa é a crença da JBS Couros, que submeteu o Kind Leather a uma Avaliação de Ciclo de Vida (ACV), em parceria com a curtidora Asiatan. Os resultados da ACV confirmaram que a abordagem de trazer remodelagens de design para a cadeia – confrontando padrões antes considerados inerentes ao sistema produtivo – é o caminho correto para minimizar os impactos ambientais no setor, disse a JBS na sexta-feira (13).
Lançado em 2019, o Kind Leather conta com um processo produtivo mais eficiente e inovador, segundo a empresa. Logo no início do processo, são removidas as partes do couro que seriam pouco aproveitadas, uma vez que este material ainda pode ser direcionado para outras indústrias – como farmacêutica e de alimentos, transformando resíduos em matéria-prima e contribuindo de forma significativa para a sustentabilidade de toda a cadeia de valor.
O resultado da aplicação da ACV, que mensura os possíveis impactos ambientais a partir da fabricação e utilização de determinado produto ou serviço, levando em consideração um estudo para o segmento de calçados atléticos, mostrou que a técnica de produção do Kind Leather é mais sustentável que a tradicionalmente utilizada para o couro convencional. A avaliação, elaborada com informações coletadas em 2019, considerou todas as etapas de processamento do couro.
Para que as comparações pudessem ser estabelecidas sobre uma mesma base técnica e metodológica, foi analisado também o método tradicional de produção utilizado pela Asiatan, que não possuía otimizações de uso de recursos naturais e utilizava como matéria-prima o wet blue integral. Quando confrontados, os resultados mostraram que a metodologia proposta pelo conceito Kind Leather – que redesenha as etapas iniciais do processo, propõe a divisão do couro antes do curtimento e reduz o uso de produtos químicos – é ambientalmente mais eficiente.
A ACV da linha Kind Leather foi a primeira, segundo a JBS, a usar dados primários de fazendas e frigoríficos, transformando-se em um dos mais detalhados estudos já realizados no universo do couro. “Na maioria das vezes, os estudos usam tabelas padrão para refletir a alocação dos impactos ambientais da fazenda para o couro, resultando em falta de exatidão para descrever o verdadeiro impacto do produto. Esse diferencial é especialmente relevante, pois a etapa da criação representa fatia considerável do impacto total. Ao analisar dados primários e auditáveis, foi possível usar fatores precisos de alocação para o couro”, disse em nota o presidente da JBS Couros, Guilherme Motta.
A metodologia foi desenvolvida e aplicada pela empresa italiana Spin360, de Milão, especializada na condução de estudos de avaliação de ciclo de vida e em ações de sustentabilidade na cadeia de suprimentos do couro. “Temos nos dedicado muito nos últimos anos à realização de estudos contínuos a fim de aprimorar a gestão da nossa plataforma de couro sustentável, buscando por insights, inovações e direcionamentos para otimizar os produtos. A próxima etapa será a condução de processos de otimização embasados nesse estudo para que possamos buscar soluções ainda mais eficientes para todo o nosso sistema de produção”, completou Motta.
O estudo de ACV faz parte de um amplo planejamento estratégico de sustentabilidade da empresa e usa uma abordagem científica para a exponencial minimização do impacto ambiental do Kind Leather. Além disso, é aderente ao padrão ISO 14040 e embasado nas mais atualizadas regras de categoria de produto (PCR, do inglês Product Category Rules), finalizou a empresa. (CarneTec)