A cidade chinesa em que o novo coronavírus surgiu encerrou seu isolamento de mais de dois meses nesta quarta-feira, mas uma pequena cidade do norte impôs restrições aos moradores em meio ao temor de uma segunda onda de infecções.
A China interditou Wuhan, cidade central de 11 milhões de habitantes, em 23 de janeiro, uma medida drástica que passou a simbolizar sua abordagem agressiva diante do vírus.
Mais de 50 mil pessoas foram infectadas em Wuhan e mais de 2.500 delas morreram, cerca de 80% de todas as mortes do país, de acordo com dados oficiais.
Desde então o vírus se espalhou pelo mundo, contaminando mais de 1,4 milhão de pessoas, matando 82 mil delas e causando estragos na economia global enquanto governos impunham isolamentos para conter sua disseminação.
Embora a China tenha conseguido refrear sua epidemia de coronavírus, as medidas para contê-lo cobraram um preço econômico e social alto – nos últimos dias muitos moradores expressaram alívio, mas também incerteza e receio do risco persistente de infecções.
“Vou ver meus pais”, disse Wang Wenshu à Reuters enquanto esperava para fazer o check-in no aeroporto Tianhe de Wuhan, que reabriu nesta quarta-feira.
“Claro que sinto saudade deles. Pare de me perguntar sobre isso, senão vou chorar.”
Alguns viajantes usavam trajes de proteção completos, capas de chuva compridas ou máscaras de proteção de rosto.
Wuhan está voltando à normalidade aos poucos, já que as pessoas têm permissão de entrar desde 28 de março, mas as restrições permanecem. Os moradores foram orientados a não deixar Wuhan ou a província de Hubei, ou até mesmo seu bairro, a menos que seja absolutamente necessário.
“Estamos profundamente cientes de que não podemos relaxar, já que não clamamos a vitória final”, disse o vice-governador de Hubei, Cao Guangjin, em uma coletiva de imprensa nesta quarta-feira.
“Precisamos continuar calmos, e ser tão cautelosos no final quanto no começo.”
Shoppings centers e o maior setor de compras da cidade, a rua Chu River e Han, reabriram em 30 de março. Filas longas, provocadas pela exigência de que as pessoas se mantenham a um metro de distância, se formaram nos supermercados, e alguns moradores aproveitaram o clima mais quente para retomar jogos de badminton ao ar livre e dançar. (Reuters)