As medidas de isolamento social para evitar o contágio pelo coronavírus não podem passar do final de maio, afirmou o assessor especial do ministro Paulo Guedes, Guilherme Afif, ponderando que, se não houver abertura controlada, isso ocorrerá de forma descontrolada em forma de desobediência.

Em live promovida pelo veículo de cobertura jurídica Jota, Afif avaliou nesta quarta-feira que a reabertura invariavelmente vai acontecer pela necessidade das pessoas de sobreviverem.

“Isso não pode passar do final desse mês. Depois a repercussão é muito forte e capacidade de recuperação depois é muito lenta”, afirmou ele.

“Economia vai demorar muito mais que um ano pra ela começar a embalar de novo tal o grau de paralisação. Portanto, quanto mais cedo nós começarmos maiores condições nós temos de recuperar lá na frente.”

Nesta quarta-feira, o Ministério da Economia divulgou que, a cada semana de isolamento social depois de 31 de maio, haverá perda de 20 bilhões de reais para a economia. Mas membros da equipe econômica evitaram ligar o cálculo a um apelo direto para relaxamento das restrições de distanciamento.

Afif defendeu uma reabertura em que desiguais sejam tratados desigualmente, de acordo com suas desigualdades. Na prática, a execução desse processo ficaria com Estados e municípios, mas seguindo uma diretriz nacional.

“Cada um vai adaptar de acordo com sua realidade. Onde tem muito mais intensidade (do coronavírus) que seja mais rigoroso, onde não tem intensidade ele (gestor) pode administrar bem o processo da abertura”, afirmou.

Para dar ânimo à economia, Afif ponderou que é necessário substituir o imposto sobre mão de obra pago pelas empresas “por outras formas mais inteligentes”.

Mais cedo nesta semana, o secretário especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia, Carlos da Costa, também afirmou que o governo avalia desonerar empresas dentro de reforma tributária como medida para a retomada.

Afif também disse que o governo trabalha com a expectativa de já na semana que vem ver o crédito chegando na ponta para as microempresas, no âmbito do Pronampe, que foi aprovado pelo Congresso. Para viabilizá-lo, o Tesouro irá aportar 15,9 bilhões de reais no Fundo de Garantia de Operações (FGO), administrado pelo Banco do Brasil.

Na visão do assessor especial do ministro Guedes, há liquidez no mercado, mas os bancos fecharam as torneiras em função do risco de inadimplência. Por isso, o papel do Tesouro bancando parte desse risco será fundamental para os recursos fluírem, destacou ele. (Reuters)