O Índice de Preços ao Produtor (IPP), que inclui preços da indústria extrativa e de transformação, registrou alta de 4,78% em março, informou nesta terça-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa de fevereiro foi revista de uma alta de 5,22% para 5,16%, ainda a mais elevada da série histórica iniciada em 2014.
O IPP mede a evolução dos preços de produtos na “porta da fábrica”, sem impostos e fretes, da indústria extrativa e de 23 setores da indústria de transformação. Com o resultado de março, o IPP de indústrias de transformação e extrativa acumulou aumento de 14,09% no ano. A taxa acumulada em 12 meses foi de 33,52%.
Considerando apenas a indústria extrativa, houve avanço de 4,38% em março, após a alta de 27,91% registrada em fevereiro.
Já a indústria de transformação registrou aumento de 4,81% em março, ante elevação de 3,72% no IPP de fevereiro.
Os bens de capital ficaram 2,95% mais caros na porta de fábrica em março. O resultado ocorre após os preços terem subido 0,51% em fevereiro.
Os bens intermediários registraram avanço de 5,70% nos preços em março, ante um aumento de 7,82% em fevereiro, segundo o IBGE.
Já os preços dos bens de consumo subiram 3,63% em março, depois de uma alta de 1,93% em fevereiro. Dentro dos bens de consumo, os bens duráveis tiveram elevação de 0,45% em março, ante alta de 1,49% no mês anterior. Os bens de consumo semiduráveis e não duráveis subiram 4,27% em março, após a elevação de 2,02% registrada em fevereiro.
A alta de 4,78% do IPP em março teve contribuição de 0,21 ponto porcentual de bens de capital; 3,30 pontos porcentuais de bens intermediários; e 1,27 ponto porcentual de bens de consumo, sendo 1,25 ponto porcentual de bens de consumo semi e não duráveis e 0,03 ponto porcentual de bens de consumo duráveis.
Atividades
A alta nos preços dos produtos industriais na porta de fábrica em março foi decorrente de avanços em 23 das 24 atividades pesquisadas. A taxa foi a segunda mais elevada da série histórica, iniciada em janeiro de 2014, atrás apenas do desempenho recorde de fevereiro deste ano, quando o IPP avançou 5,16%. O terceiro maior resultado da série foi o de janeiro, quando a inflação da indústria ficou em 3,55%. A alta de 14,09% acumulada pelo IPP no primeiro trimestre de 2021 é a mais elevada da série para o período.
“Por trás desses aumentos está a depreciação do real”, justificou Alexandre Brandão, gerente do IPP no IBGE, acrescentando que o real se desvalorizou, em média, 9,7% no primeiro trimestre. “A depreciação do real significa tanto um aumento de preços dos produtos exportados como também em alguns casos o aumento de preços das matérias-primas, e esse acaba tendo um efeito cascata pela indústria”, completou, em depoimento divulgado pelo IBGE.
No mês de março, as quatro maiores variações foram registradas nas atividades de refino de petróleo e produtos de álcool (16,77%), outros produtos químicos (8,79%), madeira (7,73%) e papel e celulose (7,18%).
As maiores contribuições para a inflação da indústria no mês foram de refino de petróleo e produtos de álcool (1,53 ponto porcentual), outros produtos químicos (0,74 ponto porcentual), alimentos (alta de 2,41% e impacto de 0,58 ponto porcentual) e metalurgia (avanço de 5,92% e contribuição de 0,41 ponto porcentual).
“Aumenta o preço do óleo bruto de petróleo, aumentam os preços dos derivados. Depois, se a nafta aumenta o preço, alguns produtos químicos que usam a nafta como matéria-prima também têm seus preços aumentados. E isso acaba impactando, por exemplo, o setor de plástico, que vai usar esses produtos químicos na composição de seus produtos. Então, além do câmbio, outro fator que contribuiu foi exatamente o movimento que tem tido no mercado externo que tem tido impacto nos preços das commodities. Particularmente, a demanda da China tem forçado aumento dessas mercadorias”, lembrou Brandão.
Em março, a única queda de preços ocorreu no setor de bebidas, -0,48%. (Estadão Conteúdo)