A tão esperada abertura do capital da JBS nos Estados Unidos pode demorar um pouco mais, indicou nesta sexta-feira o CEO global da companhia, Gilberto Tomazoni, em teleconferência com analistas.

Anna Carolina Negri/Valor
Embora a oferta na bolsa de Nova York seja um dos grandes objetivos da companhia, não é “não é uma questão de urgência”, argumentou o executivo.

“Nós temos um nível de alavancagem muito confortável. A questão é estratégica. É uma questão de qual é a estrutura de capital que pode trazer maior valor para o acionista”, afirmou.

Em 2018, a JBS reduziu a dívida bruta em cerca de US$ 2 bilhões. No fim do segundo trimestre de 2017, a dívida bruta da JBS somava US$ 18,6 bilhões. No fim de 2018, totalizava US$ 14,5 bilhões. A dívida líquida da companhia caiu de US$ 13,7 bilhões para US$ 12,2 bilhões, com relação entre dívida líquida e Ebitda — alavancagem — em 3,01 vezes. Ao fim de 2017, a alavancagem estava em 3,26 vezes.

“O IPO é uma das prioridades do Guilherme [Cavalcanti, diretor financeiro e de relações com investidores], mas não temos uma urgência para fazer isso”, disse Tomazoni, ressaltando que está buscando a melhor “arquitetura” que destrave valor aos acionistas.

A avaliação da JBS é que, com as ações listadas nos EUA, as operações da companhia estariam melhor representadas. Atualmente, mais de 75% do faturamento é gerado pelas operações fora do Brasil. Uma abertura de capital na bolsa de Nova York também daria a empresa maior acesso à liquidez.

Além disso, a listagem das ações nos EUA pode, na visão de analistas, aumentar o valor de mercado da companhia. Hoje, as ações da JBS são negociadas por um múltiplo (relação entre o preço da ação e o Ebitda projetado para 2019) da ordem de 5,5 vezes. Rivais listadas nos EUA, como Tyson Foods e Hormel Foods, são negociadas a um múltiplo superior a 8 vezes. (Valor)