(Reuters) – A inflação oficial no Brasil acelerou menos do que o esperado em abril e permanece firmemente abaixo do piso da meta oficial por conta dos preços dos alimentos, mantendo aberto o espaço para o Banco Central seguir com os planos de cortar mais uma vez os juros básicos.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,22 por cento em abril após variação positiva de 0,09 por cento no mês anterior, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira.
Em 12 meses, o IPCA foi a 2,76 por cento, sobre 2,68 por cento em março, permanecendo em todos os meses deste ano abaixo do piso da meta, de 4,5 por cento com margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
As expectativas em pesquisa da Reuters com analistas eram de avanço de 0,28 por cento na comparação mensal, acumulando em 12 meses alta de 2,82 por cento.[nL1N1SE16D]
No mês passado, o grupo Saúde e Cuidados Pessoais foi responsável por metade do resultado do IPCA ao subir 0,91 por cento, ante 0,48 por cento em março. Os preços dos remédios subiram 1,52 por cento após reajuste anual, enquanto os planos de saúde avançaram 1,06 por cento.
Os preços dos alimentos, cuja expectativa era de que acelerassem em abril, mostraram pouca alteração ao subirem 0,09 por cento em abril, frente a 0,07 por cento antes.
De acordo com o IBGE, enquanto consumo no domicílio passaram a subir 0,27 por cento após queda de 0,18 por cento, a alimentação fora de casa registrou queda de 0,22 por cento depois de alta 0,52 por cento em março.
“Podemos dizer que a contribuição dos alimentos para a inflação baixa do ano passado tende a ser semelhante esse ano”, explicou o gerente do IBGE Fernando Gonçalves.
Também ajudaram a conter a alta dos preços dos alimentos as quedas de 0,31 por cento nos preços das carnes, de 4,31 por cento da batata-inglesa e de 2,08 por cento do frango inteiro, compensando o aumento de 4,94 por cento do leite longa vida.
Com a inflação persistentemente fraca, o BC embarcou em um ciclo de afrouxamento monetário que levou a Selic à mínima histórica de 6,5 por cento, com expectativa de novo corte de 0,25 ponto percentual no encontro da próxima semana.
A recente pressão cambial, com o dólar chegando ao patamar 3,60 reais, chegou a reduzir no mercado de juros futuros as apostas em nova flexibilização, mas nesta semana o presidente do BC, Ilan Goldfajn, afirmou que a recente escalada do dólar é normal em relação ao que vem ocorrendo no mundo e que “o importante é saber o que se tem que olhar num regime de metas da inflação”.