O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) atingiu 4,58% no acumulado de 12 meses até março e superou a meta de inflação estabelecida pelo governo para este ano (4,25%). No mês, o índice ficou em 0,75%, maior nível para o período desde 2015.
O grupo Transportes ante o peso dos combustíveis e sob influência do cenário político, foi protagonista da alta na inflação de março. Os dados foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A categoria, que havia registrado avanço de 0,34% em fevereiro, saltou 1,44% no mês passado. O fardo veio diretamente da gasolina e do etanol, que subiram 2,88% e 7,02%, respectivamente e lideraram o aumento de 3,89% dos combustíveis no mês.
De acordo com o professor de economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie Marcos Antônio de Andrade, apesar do número ter vindo acima da expectativa para o mês, a variação se deu pela “composição do cenário”.
“Março foi um mês muito turbulento olhando no aspecto de política econômica. O governo cometeu algumas caneladas que refletiram tanto na Bolsa [de Valores] como no dólar e que acabou impactando nos preços de Transportes”, explicou Andrade.
O outro grupo responsável pelo aumento do IPCA foi o de Alimentação e Bebidas, que registrou +1,37% no mês e de 3,09% no ano. No acumulado de 12 meses, a alta foi de 6,74%. Na modalidade, o maior vilão foi o feijão-carioca, que subiu 105% no ano. A batata-inglesa também teve um peso importante, de 59,18% na mesma base de comparação.
Segundo o professor de economia do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec) Walter Franco, porém, é importante lembrar que a influência das chuvas nas culturas de determinados alimentos no primeiro trimestre é grande e também foi responsável por ter puxado esses preços.
“Além disso, é importante lembrar que o IPCA, por ser muito abrangente, também acaba pegando alguns problemas regionais. O índice está alto, mas foi um mês complexo”, acrescenta o especialista.
O IPCA de março foi 0,32 ponto percentual maior do que de fevereiro (0,43%). No ano, o índice acumula um avanço de 1,51%, o maior para o período desde 2016 (2,62%). Já no acumulado de 12 meses, a alta é de 4,58%, contra os 3,89% observados no intervalo imediatamente anterior.
Os especialistas reiteram, no entanto, que mesmo alto e acima das expectativas do mercado para o mês, o índice de março não impactará no cenário inflacionário de médio prazo. “O índice pode, claro, sofrer alguma influência do cenário político doméstico, mas os indicadores para abril, por exemplo, já demonstram menos pressão. Essa alta não se estende”, completa Andrade.
Construção Civil
O Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi), também calculado pelo IBGE, registrou inflação de 0,52% em março. A taxa ficou acima do 0,21% de fevereiro e do 0,14% de março de 2018. O Sinapi acumula taxa de 4,86% em 12 meses, acima dos 4,47% de igual período imediatamente anterior. (Reuters)