(Reuters) – A produção industrial do Brasil cresceu mais do que o esperado em dezembro e fechou 2017 no azul após três anos de perdas, com destaque para a recuperação dos investimentos, ajudando a economia a dar prosseguimento à recuperação gradual após a forte recessão.

A produção encerrou o ano passado com alta de 2,5 por cento, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira, após encolher em 2014 (-3 por cento), 2015 (-8,3 por cento) e 2016 (-6,4 por cento), somando queda de 16,7 por cento no período.

O ganho, o mais alto desde o recorde de 10,2 por cento de 2010, mostra que a indústria vem imprimindo ritmo de retomada gradual, mas muito distante de recuperar as perdas no período em que o país mergulhou em recessão.

”O ano de 2017 rompe um período de queda na indústria brasileira, mas ainda está longe de uma mudança ideal”, disse em nota o gerente da pesquisa no IBGE, André Macedo.

Somente em dezembro, a produção teve alta de 2,8 por cento na comparação com novembro, melhor resultado desde junho de 2013 (3,5 por cento) e bem melhor do que a expectativa em pesquisa da Reuters de avanço de 1,3 por cento.

Na comparação com o mesmo período de 2016, a atividade avançou de 4,3 por cento, acima da expectativa de 3,5 por cento.

Com isso, a produção terminou o quarto trimestre com aumento de 4,9 por cento sobre o mesmo período de 2016, acelerando ante o ritmo de 3,2 por cento visto no segundo trimestre.

Segundo os dados do IBGE, entre as categorias econômicas, a de Bens de Capital, uma medida de investimento, mostraram alta na produção de 6 por cento em 2017, impulsionada pelos equipamentos de transporte.

Já os Bens de Consumo tiveram ganho de 3,2 por cento, sendo que a fabricação dos bens duráveis aumentou 13,3 por cento devido principalmente aos automóveis.

No ano passado, entre os 26 ramos pesquisados, 19 tiveram resultados positivos, sendo a maior influência positiva a produção de Veículos automotores, reboques e carrocerias (17,2 por cento).

“Praticamente todos os setores tiveram crescimento, mas o setor automobilístico, principalmente a fabricação de veículos pequenos, foi o que mais influenciou. Grande parte disso se deve à melhora no nível de estoques e ao aumento das exportações”, explicou Macedo.

Em dezembro sobre o mês anterior, foram os Bens de Consumo que tiveram o maior aumento de produção, de 2,7 por cento, sendo os que especificamente os Bens duráveis subiram 5,9 por cento. Entretanto, no último mês do ano, a fabricação de bens de capital ficou estagnada.

A inflação e os juros baixos favorecem a indústria brasileira, uma vez que estimulam o consumo. A velocidade da recuperação, entretanto, ainda provoca incertezas, o que levou a confiança do setor a ficar estável em janeiro, de acordo com a Fundação Getulio Vargas (FGV).