A indústria registrou o segundo pior desempenho da história em maio, quando a greve dos caminhoneiros levou o País a uma crise de desabastecimento. A produção caiu 10,9% em relação a abril, retrocedendo ao patamar de 15 anos atrás, segundo os dados do IBGE, divulgados ontem, 04. A produção de veículos despencou quase 30%. Os setores de alimentos e bebidas registraram quedas recordes, de 17% e 18%, respectivamente.
O bloqueio de estradas por todo o País durante 11 dias provocou falta de matéria-prima, impossibilidade de escoamento de produtos e, em alguns casos, até ausência de funcionários que não conseguiram chegar ao trabalho, disse André Macedo, gerente de Coordenação da Indústria do IBGE. “Há relatos de paralisações em várias plantas industriais por causa da greve. Algumas chegaram a parar porque não tinham comida para abrir os refeitórios.”
Segundo ele, algumas cadeias produtivas ainda não tinham sido normalizadas no início de junho, quando a greve já estava terminada. “Quanto disso vai afetar a produção de junho não sabemos, mas isso pode sim trazer algum tipo de reflexo para a produção”.
A avaliação do IBGE é de que é possível que haja reflexos da greve nos resultados da produção industrial em junho, embora a expectativa seja de retomada gradual, passada a paralisação. “Para recuperar a produção, primeiro é necessário desovar os estoques. A queda na confiança vai afetar decisões de investimentos e contratações. A tabela do frete é uma questão que ainda não foi solucionada e está afetando a indústria. Isso dificulta até as previsões de quando a produção retorna ao patamar pré-greve”, disse o economista da Confederação Nacional da Indústria (CNI) Marcelo Azevedo.